A repentina aproximação do Prefeito de Goiânia, Paulo Garcia (PT) do Governador do Estado, Marconi Perillo (PSDB), tem uma explicação plausível, na ótica de alguns cientistas políticos: Garcia busca ser poupado pela imprensa dominada pelo grão tucano em Goiás e pelos áulicos beligerantes.
Desde o primeiro mandato do petista, iniciado em 2010 com a renúncia de Iris Rezende para disputar o governo do Estado, Marconi Perillo tem sido um dos mais atuante para desconstruir a imagem do Prefeito e sua administração. Não o faz diretamente, mas nomeia interlocutores para minar o prestígio do prefeito da capital.
No auge daquela que pode ter sido a maior crise administrativa do Prefeito, a chamada crise do lixo, em que a prefeitura teve dificuldades para recolher o lixo acumulado na cidade, Garcia foi tremendamente bombardeado pela imprensa goiana, que chegava a cogitar o seu afastamento. Na época Marconi acenou com o tiro de misericórdia no executivo goianiense: anunciou que o Estado iria doar 50 caminhões de lixo para a prefeitura, numa clara disposição de minguar a já combalida popularidade do prefeito. Até hoje, no entanto, os caminhões não foram entregues, o que revela que a intenção era tão somente constranger o Prefeito.
A imprensa goiana, que sempre teve no Governo Estadual seu maior cliente, deu azo a estratégia tucana de isolar o Prefeito de Goiânia. A turma palaciana vibrou com a pecha de “pior prefeito da história de Goiânia” que Garcia passou a ostentar a partir de uma campanha bem orquestrada pela mídia goiana. O desgaste foi total.
Passado os piores momentos e diminuída a sanha da imprensa sobre sua administração, já que os gastos com publicidade do governo estadual também diminuíram bastante no ano de 2015, Paulo Garcia enxergou na aproximação com Marconi Perillo, segundo as análises políticas das últimas semanas, uma maneira de sair da linha de tiro da imprensa, que ainda seria pautada pelo Governo Estadual. A tese é que estando ao lado do Governador, que também enfrenta sérios desgastes na sua administração, Garcia estaria menos sujeito aos ataques gratuitos dos palacianos. Marconi, por seu turno, precisa passar a imagem de um Governador republicano e democrático, onde os interesses da população sobrepõem-se aos interesses meramente políticos.
Paulo Garcia, no entanto, pode pagar um alto preço político por essa estratégia e comprometer, inclusive, o futuro do seu partido em Goiânia. Nesse caso talvez Paulo Garcia salve seus anéis, já os dedos…