Em primoroso artigo publicado hoje, 03/08, na coluna Cena Política do Jornal O Popular, a jornalista Fabiana Pulcineli faz uma corretíssima análise do caso do Padre Luiz Augusto, acusado de receber sem trabalhar da Assembleia Legislativa de Goiás por mais de 20 anos.
Segundo Pulcineli, “em alguns casos por desonestidade e em outros por ignorância ou ingenuidade, há uma tentativa de se relevar o ato ilegal que o padre cometeu (ele admitiu que não exercia a função na Assembleia) por conta do trabalho social que pratica. Como se um fato anulasse o outro. Não anula”, diz taxativa a jornalista.
Fabiana se refere ao movimento que se formou em defesa do Padre Luiz, seja por parte de fiéis, admiradores e, principalmente, políticos, que nos últimos dias homenagearam o pároco com uma comenda na Câmara Municipal de Goiânia. A iniciativa, conforme narra Pulcineli, partiu do vereador Tayrone Di Martino (sem partido), eleito com apoio da igreja católica, que justificou que o padre “sempre se colocou em defesa dos interesses dos trabalhadores, dos pobres e dos menos assistidos, comprometido com as causas trabalhistas, sociais e cristãs”. Disse ainda tratar-se de um “sacerdote que caminha nos passos de Jesus”.
Com propriedade, a jornalista diz que “Não existe corrupção menor. Quem adere ao discurso de que o ato ilegal do padre justifica-se pelo serviço prestado a pessoas carentes abre precedente para que seja aceita a tese do “rouba, mas faz” para gestores públicos. Ou do perdão ao traficante que ajuda a comunidade. Ou da justificativa de que quem comanda esquema de jogos ilegais movimenta a economia e gera emprego. Ou o argumento de que o tesoureiro do partido que não enriqueceu, apenas precisou entrar no esquema que o sistema político-eleitoral do País exige”, pontua.
Encerrando e respondendo aos que afirmam que “pegaram o padre pra cristo”, Pulcineli soa peremptória: “ninguém pegou o padre pra Cristo. Até porque, no caso específico, ele não fez jus à comparação”.