Governistas do PSDB e partidos aliados estariam pressionando a Secretária da Fazenda do Estado, Ana Carla Abrão, para mudar o discurso pessimista que tem adotado para falar da crise financeira que tomou Goiás e que veio à tona depois que Marconi Perillo assumiu o quarto mandato.
Na prática, os aliados de Perillo querem que a doutora Ana Carla esconda o déficit de mais de R$ 1,5 bilhão nas contas públicas do Estado e mude o discurso de arrocho financeiro, o que tem levado o governo a adotar medidas de contenção que atingem, especialmente, os servidores.
Desde que assumiu, Ana Carla Abrão não tem poupado pessimismo com a situação encontrada e com o futuro do Estado. A secretária chegou a admitir que o Estado pode não cumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal ao final do exercício, atribuindo a isso uma política equivocada implantada no governo passado de concessão de reajustes fora da realidade do Estado. Segundo números da própria SEFAZ/GO, Goiás estaria no limite prudencial de gastos com a folha, que é de 46,17%.
“A capacidade de investimento do Estado está exaurida, mas os ajustes necessários já começaram a ser feitos”, diz a Secretária que tem adotado medidas impopulares para tocar o seu projeto de ajuste fiscal. Sem dinheiro e sem aporte externo de recursos, o Governo Perillo não enxerga outra alternativa senão o de cortar direitos dos servidores. O parcelamento de salários do funcionalismo escancarou de vez a caótica situação financeira do estado.
“Não vou dourar a pílula”, tem dito Ana Carla. Esse discurso franco da doutora economista não tem agradado a turma que precisa da imagem de um estado próspero e equilibrado. Como Marconi é sucessor de si mesmo, não tem como colocar a culpa no antecessor. A saída, segundo essa turma, é esconder o déficit e continuar propagandeando um Estado que não existe. A razão, dizem, é que se a Doutora Abrão continuar municiando a oposição com a realidade do estado, Marconi Perillo não chega em 2016 com condições de ser um cabo eleitoral capaz de angariar votos para o candidato da base na corrida pela prefeitura de Goiânia.
Mesmo que Ana Carla Abrão mentisse e escondesse os números, há que se perguntar: mas e a realidade? Não há como mentir a falta de dinheiro. Agora mesmo, os servidores cobram o cumprimento do data-base, já descartado pelo Governo, puro e simplesmente porque não tem condições financeiras de fazê-lo.
A mentira, vendida por uma bem articulada campanha midiática, foi o que trouxe Goiás a essa situação de descalabro financeiro. Se insistirem nessa estratégia, o risco de completa insolvência é muito grande, a exemplo do que acontece hoje no Rio Grande do Sul.