O ex-governador de Goiás por quatro mandatos, Marconi Perillo (PSDB), em entrevista ao Jornal da Gazeta, canal 38.1, na tarde desta sexta-feira (24/06), acabou omitindo o fato de que atuou para boicotar, em 2010, o acordo celebrado pelo então governador do Estado, Alcides Rodrigues, hoje no Patriota, que salvaria a Celg-D e permitiria que a empresa saneasse suas dúvidas, reajustasse suas tarifas e pudesse continuar operando normalmente na distribuição de energia elétrica em Goiás.
Ao ser pergutando pelo âncora do programa, jornalista Thiago Mendes, se ele se achava responsável pelos problemas de distribuição de energia elétrica em Goiás, já que a estatal havia sido privatizada no seu governo, Marconi culpou a venda da geradora Cachoeira Dourada, ainda no governo de Maguito Vilela, em 1997, e disse que em 2012, no então governo da presidente Dilma Roussef (PT), foi obrigado a federalizar a empresa goiana e que em 2016 o próprio governo Federal tratou de leiloá-la.
Marconi Perillo, no entanto, nada falou sobre o fato de que no dia 9 de dezembro 2010, já na condição de governador eleito e coordenador da equipe técnica de transição, oficiou à Caixa dizendo-se contrário à operação de crédito firmado com o banco estatal e o governo de Alcides Rodrigues, afirmando, expressamente, que “pleitearia a anulação da operação” e que responsabilizaria, já no início de 2011, todos os envolvidos naquela operação de crédito. Diante da atitude do governador eleito, o negócio não prosperou.
Acordo de Alcides salvaria a Celg-D
Pelo acordo do ex-governador Alcides Rodrigues, a Celg-D receberia o aporte financeiro no valor de R$ 3,7 bilhões, recursos suficientes para que a empresa saneasse suas dívidas e pudesse ser autorizada pela Eletrobrás a reajustar suas tarifas, o que representaria a sua salvação, dando-lhe condições de continuar operando. O Protocolo de intenções firmado na gestão de Alcides Rodrigues foi assinado em 10 de agosto de 2010 e o Contrato com a Caixa em 02 de setembro daquele mesmo ano, como mostram documentos em anexo.
Foi aí que o então governador eleito, Marconi Perillo, alegando questões de ordem legal, atuou para boicotar o acordo firmado por Alcides Rodrigues que salvaria a empresa. Naquela época, a Celg-D valia, a preço de mercado, R$ 6,5 bilhões.
Curiosamente, em 15 de dezembro de 2011, Marconi Perillo, já no exercício do mandato, firmou o mesmo protocolo de intenções com a Eletrobrás, com um detalhe que mudaria para sempre a história da Celg. Pelo protocolo de intenções firmado por Perillo, o Estado teria que ceder à Eletrobrás 51% (cinquenta e um por cento) de todas as suas ações da estatal, o que, na prática, transferia o controle acionário da companhia para o Governo Federal. Pelo contrato de mútuo, firmado por Perillo e a Caixa Econômica Federal, a Celg-D recebeu R$ 3,527 bilhões, ou R$ 201 milhões a menos do que a operação de Alcides Rodrigues.
Ao fim de 2016, a Celg foi arrematada em leilão de lance único ofertado pela italiana Enel. Ao Estado de Goiás coube cerca de R$ 800 milhões líquidos por sua participação minoritária na empresa. Para que o negócio fosse fechado, no entanto, o governo de Goiás teve que assumir o remanescente da dívida contraída no Governo Perillo com a Caixa, no valor de R$ 2,4 bilhões, e para fazer frente aos contenciosos da Celg concedeu à compradora Enel incentivos fiscais na modalidade de outorga de Icms no valor de aproximadamente R$ 5 bilhões, válidos até 2040.
Vejam os documentos
Protocolo de Intenções
Contrato de Mútuo com a Caixa
Ofício recusando a operação