O plenário do Senado aprovou na noite desta quarta-feira, 2, uma proposta do pacote da reforma política que proíbe empresas a doarem a partidos. A Casa já havia recusado anteriormente a possibilidade de pessoas jurídicas fazerem contribuições diretamente para partidos políticos. A mudança, que passou com o apoio de 36 votos contra 31, ocorreu a partir da aprovação de uma sugestão apresentada pela senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), informa notícia divulgada no portal Uol.
Da bancada goiana no Senado, apenas a Senadora Lúcia Vânia (PSB) votou pelo fim da doação empresarial de campanha. Ronaldo Caiado e Wilder Morais, ambos do DEM, votaram a favor de que empresas continuassem financiando campanhas de candidatos e partidos.
O voto mais surpreendente, no entanto, foi o do Senador Ronaldo Caiado, contrário a proposta. Em 2011, quando começou a ser discutida a reforma política no Congresso, Caiado defendia abertamente a proposta de financiamento público de campanha integrada a lista fechada: “essa combinação, além de evitar a predominância dos candidatos com mais recursos, permite uma fiscalização mais eficiente do financiamento público, já que nesse caso o dinheiro seria distribuído somente aos partidos”, dizia o então deputado federal, hoje Senador.
Na votação de ontem, Caiado justificou seu voto dizendo que “querem satanizar a figura dos empresários” e afirmou que as doações de pessoas jurídicas dão condição à oposição de enfrentar a máquina do governo. “Quantos empresários me apoiam porque não querem ver o Brasil caminhar para o bolivarianismo? Quantos me apoiam porque não querem que o Exército brasileiro seja o exército do Stédile como quer o PT? Quantos me apoiam porque não querem que seja a CUT que vai se entrincheirar de armas nas mãos?”, alegou.
Um argumento muito fraco, diga-se de passagem, muito aquém da personalidade política do Senador. Num momento em que o país assiste estarrecido as revelações da máfia das empreiteiras e operadores políticos dos partidos brasileiros, onde são escancaradas as relações promíscuas entre doadores de campanha e agentes da administração pública, esperava-se que Ronaldo Caiado fosse o primeiro a se opor a essa vergonhosa forma de se lavar dinheiro e alavancar candidaturas no Brasil.