A advogada e empresária Ana Paula Rezende, filha do ex-governador de Goiás e ex-prefeito de Goiânia, Iris Rezende Machado, reafirmou, em entrevista ao Jornal Tribuna do Planalto, que não será candidata a prefeita de Goiânia nas eleições do ano que vem, mas não descartou concorrer a uma cadeira na Câmara Municipal da capital. A emedebista disse que não quer que as pessoas pensem que ela estaria usando o nome do seu pai para se promover na política.
“Eu não posso pegar essa responsabilidade (se candidatar a prefeita), mas posso continuar de uma outra forma e construir o meu caminho. Eu não quero que as pessoas pensem que eu estou usando o nome do meu pai. Eu quero continuar contando a história dele e começar a construir o meu caminho”, frisou.
Ao cogitar uma candidatura proporcional nas eleições de 2024, Ana Paula lembrou a lição que ouviu do seu pai, que dizia sempre que um político precisa aprender a fazer política, e que o lugar perfeito para se iniciar uma caminhada política é a Câmara Municipal. “Ali você vai entender o que é a política”, explicava Iris.
Ana contou na entrevista que seu pai tinha uma preocupação de não deixar que o poder mudasse a essência da família. “Nossa vida não mudava, com poder ou sem poder, meu pai ganhando ou perdendo, a nossa vida nunca mudou. Ele deixava isso muito claro: ‘temos que viver de forma que a nossa vida nunca mude com o poder’, nos ensinava. Ele tinha essa preocupação, porque sabia que o poder muda muito as pessoas”. Para a emedebista, talvez por isso, seu pai nunca desejou efetivamente que ela entrasse para a política partidária, porque sabia o quanto era difícil aquela vida.
Por outro lado, Ana Paula Rezende explica que, com a ausência do seu pai, percebeu que a política também fazia parte da sua vida e entendeu que é nesse meio que quer continuar, porque, segundo ela, a faz bem, sobretudo por sentir de forma muito intensa a presença de Iris Rezende. Com a consciência de quem viveu uma vida inteira ao lado de um político extremamente comprometido com os interesses do seu povo e com a coisa pública, Ana Paula faz uma autocrítica para explicar a decisão de não concorrer à prefeitura de Goiânia.
“Eu sei que meu caminho não é começar com uma responsabilidade desse tamanho, de cuidar de uma cidade de um 1 milhão e meio de habitantes, porque são vidas, é uma decisão que vai mudar a vida de uma cidade. Se uma pessoa entrar ali e não der conta, isso significa um atraso para milhares de pessoas. É uma responsabilidade muito grande, até porque sei das dificuldades que Goiânia tem hoje. Duas coisas me incomodaram muito e me fizeram decidir. Primeiro, saber que o cargo é para poucos e fiquei muito incomodada de as pessoas acharem que eu estava usando o nome do meu pai, a história do meu pai para me promover”, ressaltou.
Além da possibilidade de concorrer a vereadora em Goiânia, Ana Paula também não descartou uma possível candidatura a vice-prefeita se, de acordo com ela, a chapa for encabeçada por um candidato que tenha os mesmos princípios que ela defende. “Eu estou naquela fase de analisar, conversar, ouvir, trocar ideias”, disse, reforçando que, independente de cargos, o seu papel é manter a história do seu pai. “Eu tenho o dever de deixar essa história eternizada para servir de referência, para que as futuras gerações queiram fazer política igual ao Iris fez”, pontuou.
Daniel Vilela
Ana Paula reforçou que não existe a mínima possibilidade de mudar de partido, já que, na sua concepção, isso seria trair a memória do seu pai, que foi um emedebista de coração. A advogada lembrou que o último ato político de Iris foi construir a aliança entre o governador Ronaldo Caiado (União Brasil) com o MDB, representado pelo presidente da legenda, hoje vice-governador, Daniel Vilela. Segundo Ana, esse ato foi pensado por Iris Rezende como forma de fortalecer o partido e devolver à sigla, num futuro próximo, o protagonismo político em Goiás.
“Ele dizia que precisava fortalecer o partido. Isso três meses antes de ele morrer; ele estava pensando no MDB, porque dali a quatro anos Daniel poderia vir a ser o candidato a governador. Foi o último ato político dele, fortalecer o partido”, lembrou.
A emedebista elogiou a postura de Daniel Vilela e enalteceu a aliança e amizade que se intensificou entre ambos depois que seus pais morreram. Essa proximidade, diz, permitiu que ela e o presidente do MDB goiano assumissem o compromisso de levar adiante a história dos líderes emedebistas para manter o partido unido com o objetivo, sobretudo, de melhorar a vida do povo goiano.
“Daniel tem sido muito, muito presente, muito amigo; uma coisa que foi criada depois que os nossos pais se foram. E acho isso bom, porque eu vejo o partido mais unido, agora nós somos um, só um partido. Meu papel é passar à frente as experiências que eu tive com meu pai de união, porque meu pai achava que se o partido não estiver unido ele enfraquece. Ele pensava no partido, que era o instrumento que ele tinha para ajudar as pessoas”, lembrou.
Embora reconheça que Daniel Vilela, enquanto presidente do MDB, tenha a prerrogativa de decidir sobre alianças partidárias, Ana Paula diz que tem o dever de ajudar e contribuir com o partido, mas só irá efetivamente pedir voto para um candidato que acredite que Goiânia é prioridade e que esteja realmente pensando primeiramente na cidade e seu povo.