Diferente do que disse o prefeito de Goiânia, Rogério Cruz (Republicanos), durante entrevista à Rádio Bandeirantes na última terça-feira (12/12), os investimentos empenhados pelo Paço nos quase três anos da atual gestão chegaram a apenas 4,06% da receita corrente do município. Foram empenhados R$ 824,5 milhões nos anos de 2021, 2022 e 2023, frente a um montante de receitas de R$ 20,3 bilhões.
Se considerados apenas os valores pagos, os recursos que efetivamente saíram do caixa da Prefeitura de Goiânia à título de investimentos somam R$ 619,86 milhões nos três anos de administração Rogério Cruz, o que representa apenas 3,05%. Até outubro de 2023, os valores empenhados na rubrica investimentos somaram R$ 294,1 milhões. Desses, R$ 166,4 milhões foram liquidados e R$ 163,8 milhões foram efetivamente pagos.
Na sua fala, o prefeito Rogério Cruz afirmou que o Paço teria um volume de investimentos que chegaria a 23% da receita corrente, o que não se verifica na prática, conforme demonstrado pelos números apresentados acima. Indo além, Cruz suscitou a possibilidade da Prefeitura fechar o ano com déficits fiscal e financeiro, sustentando que isso só não aconteceria se a gestão desistir de investimentos. As informações do chefe do executivo goianiense não se coadunam com o que vem sendo escriturado pelo Paço nos seus relatórios fiscais.
De acordo com a própria Prefeitura, até o final de agosto de 2023, ou seja, do 2º quadrimestre, o município teria uma disponibilidade líquida de caixa na ordem de R$ 1,42 bilhão. Lembrando que disponibilidade de caixa são os valores em dinheiro, cheque, cartas de crédito ou aplicados no mercado financeiro, que devem, segundo a legislação, estar depositados em bancos públicos.
Esses recursos remanescem desde o fim do ano passado, quando a Prefeitura de Goiânia declarou no Relatório de Gestão Fiscal, Anexo 5, que a disponibilidade líquida de caixa, depois da inscrição dos restos a pagar processados e não processados, era de R$ 1,382 bilhão, sendo R$ 888,03 milhões não vinculados, e R$ 494,4 milhões vinculados.
Diante dos recursos disponíveis e o baixo volume de investimentos, considerando que a previsão de receitas para todo o ano de 2023 deve superar a dotação atualizada (R$ 7,01 bilhões), não é tecnicamente possível que a Prefeitura de Goiânia apresente déficit financeiro ao final do exercício, avaliam especialistas. Para que isso ocorresse, seria necessário que as despesas efetivamente pagas nos dois últimos meses do ano (novembro e dezembro) superassem as receitas em mais de R$ 1,4 bilhão de reais. Uma outra hipótese, dizem, é se a disponibilidade de caixa relatada pela Prefeitura não for real, como vem sendo declarado.