Embora apareça entre os três primeiros colocados em pesquisa de intenção de voto em cenário de primeiro turno para prefeito de Goiânia na eleição de outubro próximo, o pré-candidato da extrema-direita bolsonarista, Gustavo Gayer (PL), não teria forças para vencer em um eventual segundo turno na capital. É o que aponta o levantamento Futura Consultoria, realizado pelo Instituto 100% Cidades, divulgado nesta terça-feira (21/05). De acordo com o estudo, Gayer seria derrotado tanto por Vanderlan Cardoso (PSD), quanto por Adriana Accorsi (PT).
No primeiro cenário, o pré-candidato do PL, que anunciou que seguirá na disputa com o companheiro de partido, Fred Rodrigues como vice, seria derrotado pelo pré-candidato do PSD, que teria 50,8% das intenções de voto, contra 31% do liberal. Num segundo cenário, se a disputa fosse entre Gayer e Adriana Accorsi, a petista levaria vantagem e sagraria-se vencedora com 43,6% dos votos, contra 37,8% do bolsonarista. A pesquisa tem margem de erro de 3,5 pontos percentuais para mais ou para menos e está registrada no TSE sob o nº GO-01009/2024.
Análises
O levantamento corrobora análises de especialistas, que sustentam que o pleito municipal em Goiânia não deve ser guiado pela polarização que se observa a nível nacional. Para os doutores em Ciência Política e professores da Universidade Federal de Goiás (UFG), Francisco Mata Machado Tavares e Denise Paiva, as eleições municipais guardam certa peculiaridade, se distanciando das pautas ideológicas que dominam o cenário nacional e se aproximando de temas locais mais caros à população, como infraestrutura, saúde, educação e assistência social.
De acordo com Tavares, mais de um ano depois da tentativa de golpe patrocinada pela extrema-direita, já não há tanto espaço para esse discurso anticonstitucionalista, anti-estado democrático de direito, como havia cinco anos atrás. O professor doutor explica que apesar de todo extremismo, todo conservadorismo extremado que se atribui a outras regiões do Estado, na capital isso não reverbera da mesma maneira.
Na mesma linha, Denise Paiva considera que o deputado federal do PL tem seus adeptos, mas que seria algo mais residual. Na avaliação da cientista política, Gayer teria o apoio de uma parcela do eleitorado, mas não teria estofo para vencer num eventual segundo turno, também porque, completa, o seu partido não tem mais o presidente da República.
Os dois especialistas concordam, ainda, que, desde as últimas eleições que disputou, muitas coisas sobre o passado de Gustavo Gayer vieram a público, fatos que não eram conhecidos e que são informações muito constrangedoras do ponto de vista de quem se coloca como defensor da família e dos bons costumes.