O reduzido número de militantes do PL e simpatizantes de Jair Bolsonaro em evento em Goiânia na manhã de quarta-feira (19/06), mesmo com a presença do ex-presidente, indica que a eleição municipal para prefeito da capital não deve sofrer influência da polarização que domina a política nacional. Bolsonaro participou do evento que lançou a pré-candidatura de Fred Rodrigues, deputado cassado do PL, à disputa pelo Paço nas eleições de outubro próximo.
A estimativa de quem esteve presente no evento ocorrido na região da Rua 44, importante polo comercial de Goiânia, é de que cerca de mil pessoas acompanharam o anúncio feito por Jair Bolsonaro, que confirmou que o deputado Gustavo Gayer não disputará a eleição na capital. Caberá a Fred Rodrigues assumir o desafio, embora integrantes do próprio PL, deputados não ouvidos previamente sobre a decisão, afirmarem que o ex-deputado não estará nas urnas em outubro.
Bolsonaro esteve também em Aparecida de Goiânia, onde lançou a pré-candidatura a prefeito do aliado Professor Alcides (PL), que vai disputar o executivo da cidade contra o candidato da base do governador Ronaldo Caiado. Hoje, o nome governista em Aparecida é o do atual prefeito, Vilmar Mariano (UB), mas há sinais de que ele pode ser substituído por Leandro Vilela (MDB), primo do vice-governador Daniel Vilela. Assim como em Goiânia, na cidade vizinha, o número de apoiadores de Bolsonaro que acompanharam o evento também foi tímido.
Embora pesquisas indicarem que um grande número de eleitores goianienses ainda votariam no ex-presidente, outros levantamentos qualitativos apontam que o poder de transferência de votos de Jair Bolsonaro na capital estaria reduzido a cerca de 7% a 10%. Isso ocorre, segundo especialistas, porque a eleição municipal, diferente do pleito nacional, guarda suas próprias peculiaridades, e o eleitor busca, na verdade, um nome capaz de resolver os problemas mais comezinhos da cidade, como zeladoria, infraestrutura, trânsito, saúde e educação. A capacidade de gestão do candidato tem um peso muito maior do que a sua popularidade, dizem os analistas.
Saída de Gustavo Gayer
O argumento usado por Bolsonaro para a troca do nome do PL que, em tese, vai disputar a prefeitura de Goiânia nas eleições de outubro próximo, é que, dada a sua importância no cenário nacional, Gayer continuará em Brasília, já que sua presença no Congresso tem uma grande relevância para o partido e para a continuidade do próprio bolsonarismo. Cogita-se, também, que Gayer tentará novos projetos em 2026, provavelmente uma cadeira no Senado Federal.
Nos bastidores, a avaliação é que a mudança no partido de Bolsonaro, optando pela saída de Gustavo Gayer, que liderava os primeiros levantamentos de intenção de voto para a eleição em Goiânia, reacende a possibilidade de uma aliança entre o governador Ronaldo Caiado (UB) e o ex-presidente nas eleições municipais.
De acordo com matéria publicada no jornal O Globo, fato que também já vinha sendo discutido entre grupos políticos de Goiás, a candidatura de Gayer havia se tornado um empecilho para qualquer chance de aliança entre Caiado e Bolsonaro em Goiânia. Com a saída do deputado, considerado um dos expoentes mais radicais do bolsonarismo, reabre o caminho para que as articulações nesse sentido se aprofundem.