Ao usar o plenário do Senado Federal para expressar sua preocupação quanto a supostos excessos nos processos judiciais decorrentes dos atos de 8 de janeiro de 2023, o Senador Vanderlan Cardoso (PSD/GO), pré-candidato a prefeito de Goiânia nas próximas eleições, faz um claro aceno ao eleitorado goianiense bolsonarista mais radical, em busca de herdar os possíveis votos dos eleitores simpáticos ao deputado bolsonarista Gustavo Gayer (PL), que desistiu da disputa em acerto com o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Na avaliação de analistas, Vanderlan, que aparece liderando alguns levantamentos de intenção de voto, embora não tenha conseguido formar alianças com outros partidos políticos, busca meios de se manter na disputa com condições de chegar ao segundo turno da eleição municipal.
Com o partido esvaziado, sem apoio, inclusive, da maioria dos seus correligionários, o senador pessedista conta com o conhecimento adquirido junto ao eleitorado goianiense pelas inúmeras eleições disputadas em Goiás e em Goiânia. Desde que se elegeu prefeito de Senador Canedo, cidade da região Metropolitana da capital, em 2004, Vanderlan disputou outras seis eleições, sendo duas para governador, uma para senador e três para prefeito.
Da tribuna do Senado, Vanderlan mencionou os seis projetos de anistia apresentados no Congresso Nacional, que propõem perdão aos acusados e presos pelos atos de 8 de janeiro. O senador goiano avalia que as penas estabelecidas até agora seriam desproporcionais, embora tanto os crimes quanto as penas estejam tipificados no Código Penal Brasileiro.
“Quero dizer que quem depredou o patrimônio ou cometeu crimes graves deve pagar, mas muitas das penas estabelecidas até aqui fogem ao mínimo da razoabilidade. As prisões preventivas, especialmente de idosos e mães de filhos pequenos, são injustificadas e excessivas”, declarou.
Para especialistas, a saída do deputado Gustavo Gayer da disputa pelo Paço pode, em tese, favorecer os pré-candidatos a prefeito de Goiânia mais à direita do espectro político, muito embora, dizem, em regra a eleição municipal não costuma ser carregada pela polarização que alcança o cenário nacional.
Nessa avaliação, Vanderlan Cardoso e o pré-candidato da base governista, Sandro Mabel (UB), podem ser beneficiado pelo recuo de Gayer, considerado um dos expoentes mais radicais do bolsonarismo.
Pesa contra o senador goiano, no entanto, o fato de que Jair Bolsonaro teria vetado apoio a candidatos do PSD em todo os municípios do Brasil. O ex-presidente estaria ressentido com o partido de Gilberto Kassab, a quem atribui os votos dados pelos parlamentares do PSD à aprovação do relatório final da CPMI do 8 de janeiro, que pediu o seu indiciamento.
