O deputado federal bolsonarista Gustavo Gayer, do PL goiano, voltou a causar repúdio nas redes sociais nesta semana. Indignado com a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que reconheceu a inconstitucionalidade do artigo 28 da Lei 11.343/2006, a chamada Lei de Drogas, e descriminalizou o porte da maconha para uso próprio de até 40 gramas, Gayer postou em suas redes sociais mensagem que pode sugerir a agressão a usuários de maconha que, porventura, sejam encontrados nas ruas.
“Já que fumar maconha não é crime mais qual é a pena de dar um tapa na cara de maconheiro na rua?”, provocou o deputado. Noutro post, o bolsonarista criticou o fato de que o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) fará mutirão para reavaliar casos de presos por porte de maconha. “Pare um momento e deixe essa notícia assentar. Nossa JUSTIÇA vai fazer um mutirão pra soltar vagabundo maconheiro e traficante PQP”, bradou, embora a notícia não mencione possível liberação de traficantes e sim de usuários de maconha.
A reação dos internautas às declarações de Gayer foram imediatas. Muitos chamaram o deputado, um dos expoentes mais radicais do bolsonarismo, de hipócrita, e resgataram notícias de que ele próprio teria sido detido portando drogas, além de já ter se envolvido em acidente de trânsito com vítima fatal e embriaguez ao volante.
Em 2005, segundo informações divulgadas pelo vereador de Goiânia Fabrício Rosa (PT), que também é policial rodoviário federal, Gustavo Gayer Machado de Araújo, no dia 27 de junho daquele ano, na cidade de Goianápolis, região Metropolitana de Goiânia, foi autuado como incurso no artigo 16 da então Lei 6368/76, que dispunha exatamente sobre a posse e o porte de drogas para uso próprio.
Na época, a lei previa pena de detenção de 6 meses a 2 anos, e pagamento de multa. Em 2006, a lei de 1976 foi revogada pela Lei 11.343, que despenalizou o porte de drogas para consumo próprio. O processo contra Gayer acabou sendo arquivado em 2007.
Morte no trânsito
Ainda de acordo com informações divulgadas por Fabrício Rosa em vídeo postado nas redes, o deputado Gustavo Gayer também teria se envolvido num acidente de trânsito no ano de 2000 na cidade de Rialma, no Norte do Estado, que resultou na morte de Wilkens Souza Santos, amigo de infância do bolsonarista.
Gayer foi autuado nos termos do artigo 302 da Lei de Trânsito: Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor, com o agravante de estar dirigindo sob influência de álcool, crime com pena de reclusão de cinco a oito anos e suspensão do direito de dirigir, e ainda por incurso no artigo 303 da mesma lei, que tipifica o crime de lesão corporal, com pena de seis meses a dois anos de detenção. O deputado, no entanto, foi beneficiado pela prescrição da pretensão punitiva do Estado.
Em 2015, o aliado de Jair Bolsonaro se envolveu noutro episódio que terminou com sua prisão em flagrante. Segundo consta de relatório da 28ª Promotoria de Justiça de Goiânia, Gustavo Gayer, dirigindo embriagado, colidiu seu veículo com o meio fio. Mesmo com o pneu estourado pelo impacto, o deputado recusou-se a parar e foi seguido por policiais militares, que conseguiram detê-lo alguns quilômetros à frente.
Segundo a peça do MP-GO, por apresentar sinais visíveis de embriaguez, o motorista foi submetido ao teste do bafômetro. O resultado surpreendeu as autoridades. Foram detectados 0,87 miligramas de álcool por litros de ar expelido dos pulmões do deputado, cerca de 21 vezes o permitido pelo Código de Trânsito Brasileiro.