A pouco mais de quatro meses para o fim da gestão, o prefeito de Aparecida de Goiânia, Vilmar Mariano, tenta obter da Câmara Municipal da cidade aval para contrair empréstimos no valor de ao menos R$ 350 milhões junto ao Novo Banco de Desenvolvimento, o banco dos Brics. O gestor também pede aos vereadores que autorizem a abertura de crédito suplementar no valor de R$ 453,7 milhões. A intenção do prefeito é vista como temerária pelo presidente da Câmara de Aparecida, vereador André Fortaleza (PL), que decidiu devolver o projeto ao executivo, pedindo explicações à prefeitura sobre a real finalidade dos recursos.
É senso comum entre integrantes do legislativo municipal e outras lideranças políticas do município que não há tempo hábil para a aplicação dos recursos pretendidos por Vilmar Mariano. Em privado, políticos dizem temer que parte dos recursos pretendidos possam ser usados para abastecer a campanha do pré-candidato a prefeito de Aparecida pelo PL, Professor Alcides, de quem Vilmar Mariano se declarou apoiador nos últimos dias.
Segundo Fortaleza, foi feito um levantamento técnico sobre o projeto enviado pelo prefeito e ficou constatado algumas falhas na justificativa e destino dos recursos oriundos do empréstimo, daí a necessidade de devolução para que as falhas fossem corrigidas. Ele explicou, ainda, que há uma preocupação quanto à pretensão de Mariano, já que o mandato dele está praticamente encerrado.
“Do jeito que está, não podemos votar e é preciso fazer as adequações necessárias para detalhar como esse dinheiro vai ser gasto. A gente tem uma preocupação muito grande, por se tratar do fim do mandato e isso gera uma estranheza, sim”, diz Fortaleza.
A estranheza citada pelo presidente da Câmara Municipal é endossada por outras lideranças políticas de Aparecida de Goiânia que não veem com bons olhos uma operação dessa dimensão no apagar das luzes da atual gestão, sobretudo em meio a um processo eleitoral. O apoio declarado de Vilmar Mariano a um candidato que até poucos dias era seu adversário político no município e a demissão em massa de servidores ligados ao ex-prefeito Gustavo Mendanha fazem aumentar as desconfianças sobre o destino de tão vultuosa quantia pretendida pelo prefeito.
A busca por autorização da abertura de crédito suplementar no valor de quase meio bilhão de reais também chama atenção. A medida visa reforçar a dotação orçamentária e deveria, em tese, ser aplicada dentro do próprio exercício. Ou seja, esse remanejamento do orçamento deve ser executado ainda em 2024, prazo que, na avaliação de lideranças políticas de Aparecida, não seria suficiente para a correta destinação desses recursos.
