O liberal Fred Rodrigues, candidato do PL a prefeito de Goiânia, mostrou-se desconfortável com a acusação do seu adversário Sandro Mabel (UB) de que receberia R$ 21 mil mensais da Assembleia Legislativa de Goiás. Segundo o candidato governista, Rodrigues teria sido agraciado com um cargo de diretoria na Alego assim que teve o mandato de deputado estadual cassado pelo TSE, no final do ano passado. Mabel disse, também, que Fred teria, além do salário, direito a carro com motorista e cerca de 40 assessores. As informações foram repassadas por Mabel durante o debate realizado na TV Record Goiás, no sábado (28/09).
“A verdade é que, depois de ser cassado por irregularidades na sua campanha de vereador, você [Fred Rodrigues] inaugurou a bolsa político. Você acha justo receber R$ 21 mil, enquanto 75 mil famílias aqui em Goiânia recebem R$ 600 reais do Bolsa Família? O Fred recebe R$ 21 mil da bolsa político”, criticou Mabel.
No seu programa eleitoral gratuito desta terça-feira (01/10), Fred levou ao ar vídeo onde aparece em frente ao prédio da Alego, afirmando que ocupou sim o cargo de diretor de Promoção de Mídias Digitais da Casa e que sua presença havia sido atestada por meio do ponto eletrônico, mas não apresentou provas e nem tampouco mostrou qualquer ação desempenhada à frente do posto de diretor do poder legislativo de Goiás.
Durante o debate, Mabel, que tem sido frequentemente criticado pelo liberal, inclusive sendo acusado de ser simpático ao governo petista, alfinetou Fred Rodrigues e lembrou que o próprio candidato do PL já admitiu ter votado no presidente Lula. Além disso, o candidato governista informou que Rodrigues, apesar de se apresentar como o candidato que tem o menor gasto de campanha, já recebeu mais de R$ 2,5 milhões do fundo eleitoral para custear sua candidatura.
Incoerência
Para o analista político Fabrício Carvalho, esse embate entre Sandro Mabel e Fred Rodrigues trouxe à tona um ponto crítico para a campanha do liberal, que se apresenta como o único candidato da direita, embora esteja muito mais próximo da extrema-direita. De acordo com o analista, para um candidato que carrega a bandeira do “antissistema” e que se apresenta com o discurso da ruptura, soa incompreensível para o eleitor que esse mesmo candidato seja beneficiário das benesses do próprio sistema que ele desqualifica.
“Essa exposição coloca em xeque a principal bandeira de Fred Rodrigues. A imagem de um candidato que promete romper com o establishment político perde força quando, na prática, ele se beneficia dos mesmos privilégios que critica. Mabel, ao comparar a situação de Rodrigues com a realidade de 75 mil famílias em Goiânia que dependem de R$ 600 do Bolsa Família, constrói uma narrativa de contraste entre o sacrifício da população e os benefícios mantidos por um político cassado”, explica.
Carvalho avalia, ainda, que a incoerência do discurso de Fred Rodrigues, apontada por Mabel, dificilmente será ignorada por um eleitorado cansado dos privilégios políticos. “O eleitor que simpatiza com a mensagem de ruptura trazida por Rodrigues pode começar a questionar se, de fato, o candidato encarna os valores que defende”, pondera.