Com o resultado do primeiro turno das eleições municipais em Goiânia, que deu ao bolsonarista Fred Rodrigues (PL) 31,14% dos votos válidos, movimento pelo voto útil, com o objetivo de impedir a eleição do liberal para prefeito da capital, começa a tomar corpo em grupos nas redes sociais. Movidos pelo receio de que uma possível gestão ultraconservadora, tocada por um candidato sem experiência, possa colapsar de vez a administração goianiense, eleitores pregam votar em Sandro Mabel, do União Brasil, segundo colocado na eleição de primeiro turno, que teve 27,66% dos votos. Entre os eleitores que não votaram nem em Fred e nem em Mabel são cerca de 260 mil votos em disputa.
Considerado um outsider, Fred Rodrigues é visto por muitos como um aventureiro, sem experiência suficiente para administrar uma metrópole que tem mais de 1,5 milhão de habitantes, e que vem enfrentando uma das suas piores administrações. O liberal chegou a assumir o mandato de deputado estadual, em 2023, mas foi cassado em dezembro daquele ano em virtude de irregularidades na prestação de contas da sua candidatura a vereador, em 2020. Provocado por seus adversários nos debates de primeiro turno e acusado de nunca ter trabalhado, Rodrigues ainda não disponibilizou seu currículo.
Alçado à disputa em Goiânia pelas mãos do padrinho Jair Bolsonaro, Fred Rodrigues se escora no discurso mais radical de defesa da família tradicional e valores que ele considera mais caros à direita, espectro que insiste dizer que é o único representante em Goiânia, muito embora o liberal esteja mais próximo da extrema-direita. Com apelos antissistema, de ruptura à política tradicional e com foco às crenças religiosas, Rodrigues não foi capaz de apresentar propostas factíveis para a gestão da capital.
Ronaldo Caiado
No primeiro discurso que fez após o resultado das urnas, o governador Ronaldo Caiado, principal apoiador de Mabel, conclamou a população a voltar às urnas, em 27 de outubro, com os ânimos voltados à responsabilidade que se deve ter com a cidade que pertence a cada goianiense e que há quatro anos experimenta uma das suas piores administrações. Para Caiado, mais quatro anos de uma gestão temerária pode levar ao colapso total dos serviços públicos e à derrocada geral da administração pública municipal.
Caiado também prega que é hora do eleitor privilegiar a competência e a experiência do candidato, em detrimento de ideologias que, em tese, não se aplicam à uma administração municipal, cujo prefeito deve, antes de sua orientação ideológica, mostrar capacidade de gestão para atender as demandas mais comezinhas da população, como zeladoria, saúde, educação e assistência social. Além disso, o governador aponta que só terá sucesso na gestão aquele que tiver condições políticas para garantir governabilidade, e isso, segundo ele, consegue quem tem disposição para dialogar com os demais poderes constituídos.