Mensagens interceptadas pela Polícia Federal mostram que um empresário próximo ao deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) diz ter alertado o parlamentar sobre irregularidades no uso de verbas públicas. A investigação aponta que Gayer utilizou recursos da Câmara para custear uma escola de inglês em seu nome. O parlamentar e o empresário foram alvos de mandados de busca e apreensão autorizados pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, nesta sexta-feira.
Ao se manifestar a favor das ações, a Procuradoria-Geral da República citou a mensagem enviada pelo empresário, descrito como “amigo próximo” de Gayer, a um secretário parlamentar do deputado.
“”Ou seja, a escola tá sendo paga com recurso público e tá sendo usada pra um fim totalmente que tipo num existe, né. Num tem como ser assim e aí eles vão levando ou seja ainda não entenderam a gravidade, sabe. Moço pra esse povo já ter alguém ali na porta fiscalizando… filmando… vai ser igual o caso aquela mulher do Popular na Assembleia (…)”, disse o empresário, que completou em seguida: a gente tá pregando uma coisa e vivendo outra… infelizmente a gente tem muitas coisas erradas acontecendo aí”. O trecho do diálogo que a PGR teve acesso foi publicado pelo jornal O Globo.
Segundo os investigadores, as mensagens “reforçam a hipótese investigativa” de que o parlamentar usava recursos da cota parlamentar para manter atividades privadas.
Crianças
A investigação da PF também ponta que Gustavo Gayer usou documentos falsos para a criação de uma Organização Social de Interesse Público (Oscip), cujo quadro societário era formado por crianças menores, de 1 a 9 anos. Essa ONG, segundo a PF, seria destinatária dos desvios de recursos da cota parlamentar do deputado.
Gayer é investigado por ao menos quatro crimes: associação criminosa, falsidade ideológica, falsificação de documentos particular e peculato. As penas, somadas, podem chegar a mais de 20 anos de reclusão.