Desde o último domingo, 13/12, o Governo de Goiás vem veiculando, num dos horários mais caros da televisão brasileira, uma campanha midiática em que tenta desqualificar a luta dos servidores da segurança pública de Goiás, jogando-lhes toda culpa pelo fiasco da administração tucana no Estado.
Na peça publicitária, paga com dinheiro público, o Governo de Marconi Perillo transfere para os policiais civis, militares, bombeiros e técnico-científicos os altos índices de criminalidade que foram registrados no último 9 de dezembro, quando os profissionais da segurança paralisaram suas atividades por 24 horas em protesto ao calote que receberam do Governo.
Em 2014 foram aprovadas leis que escalonavam o reajuste dos policiais e demais forças de segurança do estado, determinando que o reajuste de 12,33% fosse aplicado em novembro e outros 12,33% em dezembro de 2015. Apesar disso, o Governo de Goiás, chegada a hora de honrar o compromisso assumido, contando com a conivência dos senhores deputados da base, fez aprovar na Assembleia nova lei, postergando o reajuste para 2018. A atitude do Governo foi vista como desrespeito pelas categorias envolvidas e a paralisação foi inevitável.
O que a peça do Governo de Goiás não diz é que o efetivo da Polícia Militar de Goiás é o mesmo de 16 anos atrás. Em 1998 a PM tinha 13 mil policiais e hoje conta com no máximo 12.800. A Polícia Civil teve seu efetivo diminuído pela metade, numa proporção inversa ao aumento da população. Antes eram 6 mil policiais civis no Estado e hoje apenas 3.100 atuam em Goiás em instalações precárias e totalmente sucateada. O Estado, que era o 18º mais violento do Brasil, com uma média de 13 homicídios por cada grupo de 100 mil habitantes foi elevado a condição de 4º Estado mais violento do país, com uma média de 46 mortes por cada 100 mil moradores. Goiânia, segundo a Ong mexicana Conselho Cidadão para Segurança Pública e Justiça Penal, chegou a horrorosa posição de 23ª cidade mais violenta do mundo.
Apesar do absurdo de tais números e de um déficit aproximado de 18 mil policiais militares, o Governo de Goiás chegou a ir ao STF para não convocar 1.421 PMs aprovados em concurso público em 2012. Obrigado pela justiça, o governo chamou 732 concursados, que devem iniciar o curso de formação em janeiro de 2016.
Tentar transferir os altos índices de criminalidade que assola o Estado para uma categoria que diuturnamente arrisca a própria vida em defesa da população, não obstante ser desrespeitada e desprestigiada pelo tucanato, é apenas mais uma estratégia covarde de um governo que não tem atitude e tenta, através da propaganda, suplantar sua incompetência, a qual coloca-nos todos como vítimas em potencial.