O Governo de Goiás, que prega a terceirização da educação pública via Organização Social argumentando que isso poderia melhorar o ensino na rede estadual, acaba de abrir processo seletivo simplificado para a contratação de professores temporários. Até aí tudo bem. O que assusta, de fato, é o salário oferecido para os professores de nível médio: R$ 552,62 por 20 horas semanais. Já os professores com curso superior que estiverem dispostos a cumprir 40 horas semanais o salário chega a R$ 1.308,00.
São oferecidas 700 vagas, incluindo cadastro de reservas, para professores que atuarão nas escolas que não serão administradas por OSs, diz o edital de chamamento. O fato, por si só, desmonta os argumentos do Governo de que a gestão compartilhada, como preferem chamar, tende a melhorar a educação em Goiás. A questão não é o fato da gestão ser pública ou não, mas de aplicação dos recursos e valorização dos professores.
Desde 2012, durante o terceiro mandato de Marconi Perillo (PSDB), quando a pasta da educação era comandada por Thiago Peixoto, um dissidente peemedebista, a educação em Goiás vem sofrendo revés pela má gestão da turma tucana. Naquela época, compelido a efetuar o pagamento do piso nacional para os professores da rede estadual, o Estado, sem recursos, incorporou as gratificações aos salários e extinguiu o extra por titularidade, fazendo parecer que estava atendendo a recomendação de pagar o mínimo estipulado por lei, causando uma redução em torno de 30% nos ganhos dos professores.
De lá pra cá os professores, que se insurgiram contra essa manobra que desprestigiou a carreira docente em Goiás, foram eleitos inimigos do Governo e a precarização foi sendo imposta ano após ano. Agora, ao oferecer um salário absolutamente irrisório para o cargo de professor, o governo de Marconi Perillo praticamente assume a estratégia que tem norteado sua intenção: o sucateamento total do ensino público para justificar sua terceirização. O próprio governador Marconi Perillo já confessou em público que a militarização e terceirização das escolas públicas goianas é uma resposta aos professores que, segundo ele, se rebelaram contra sua administração.