Goiás atravessa um dos seus piores momentos em relação a segurança pública e a falta de ações efetivas do Governo, associadas ao baixo efetivo de policiais militares e civis, além de uma polícia técnica científica sucateada e sem investimentos, conduzem o estado a um quadro caótico e preocupante. Os números de homicídios assustam e as ocorrências, formais e não formais, de crimes contra o patrimônio beiram o surreal.
O governo busca metodologias estatísticas para justificar a sua própria incompetência. Mais preocupante ainda, é o sofisma difundido pelos meios de comunicação quando o assunto é violência. A criminalização das vítimas parece ser a saída encontrada pelas autoridades para amenizar o quadro de horror que vive o Estado.
Em 2014, o Promotor Haroldo Caetano, que à época respondia pela área de execução penal do Ministério Público de Goiás, publicou um texto em que chamava a atenção para essa prática nefasta das autoridades goianas. “A investigação policial primeiro condena as vítimas. O julgamento moral faz delas bandidas, e se bandido bom é bandido morto, então o caso estaria encerrado?”, pergunta o Promotor.
O justiçamento tacitamente aceito pelos cidadãos e autoridades afasta-nos de uma sociedade civilizada e conduz-nos à barbárie, colocando-nos todos no mesmo balaio da bandidagem que pretendemos, civilizadamente, combater. A omissão do Governo de Goiás induz o cidadão de bem ao erro e, criminosamente, o leva a aceitar o justiçamento como medida de segurança pública.