O caso Celg é um dos mais emblemáticos da administração tucana em Goiás. Em 2010 o então Governador do Estado, Alcides Rodrigues, havia entabulado acordo com a Aneel em que cederia 5% das ações da estatal goiana para o governo federal em troca de um empréstimo de R$ 3 bilhões para sanear a empresa e permitir que a mesma pudesse reajustar suas tarifas, defasadas há mais de 5 anos. O negócio estava em vias de ser fechado quando o governador eleito naquele pleito, Marconi Perillo (PSDB), barrou o acordo e concorreu para que o patrimônio dos goianos virasse água.
Negócio desfeito, a Celg continuou agonizando e o Governo de Goiás foi obrigado a ceder 51% de suas ações à União por míseros e simbólicos R$ 56 milhões, algo em torno de 0,9% do seu valor à época. Diante do quadro, abriu-se caminho para a privatização total da companhia. A venda dos 49% da Celg se constituiu a tábua de salvação do quarto governo de Marconi Perillo, que tem priorizado a sua privatização.
Durante audiência pública, realizada na manhã de ontem (03/02), na sede da Acieg, para decidir sobre a privatização da estatal goiana, o Senador Ronaldo Caiado (DEM), que apareceu de surpresa na reunião e se inscreveu para fazer perguntas, deixou os técnicos da Sefaz, escalados para fazerem os devidos esclarecimentos ao público, completamente atordoados. Bem ao seu estilo, Ronaldo Caiado foi ao ponto e perguntou aos representantes do governo, qual o valor do passivo da companhia que está prestes a ser vendida. A princípio os técnicos “indeferiram” a pergunta do Senador. Em seguida, o representante da Sefaz tentou se explicar dizendo que o momento não era oportuno para se responder a pergunta, mas que o faria noutro momento.
Sem titubear, Ronando Caiado foi peremptório: “palhaçada!! Isso aqui é uma palhaçada! Nós goianos não sabemos qual é o passivo da Celg. Mas o passivo é próximo de R$ 6 bilhões”, e foi além: “o Estado contraiu um empréstimo de R$ 3,527 bilhões do BNDES e deve mais R$ 1,9 bilhão para a Caixa Econômica de dívidas da Celg”, explicou sob aplausos da plateia.
Para o Senador, “o que se quer fazer com a venda da Celg é caixa de governo e deixar para Goiás a dívida acumulada para os goianos. Os consumidores terão de pagar por isso e a ganhadora do leilão irá receber a empresa sem dívidas”, criticou.
Segundo nota publicada na coluna Giro do dia 29/12, a companhia goiana foi avaliada em R$ 2,750 bilhões devido “seu fraco perfil de crédito, caracterizado por apresentar alavancagem financeira elevada, significativa concentração de dívida no curto prazo e reduzida posição de liquidez”. Segundo o jornal, essa análise é da agência de avaliação de risco Fitch Ratings. Se vendida por esse valor, o Estado de Goiás receberia apenas R$ 1,3 bilhão, insuficiente para fazer frente ao seu passivo levantado pelo Senador.