Eleito em 1998 para governador do Estado contra um dos maiores nomes da história política de Goiás, Marconi Perillo, até então um deputado federal sem nenhuma expressão, foi a representação máxima da tendência de um povo que, à época, dizia-se cansado da mesmice política em Goiás. Aquela eleição marcava o início do famigerado “Tempo Novo”, inaugurado sob a égide da renovação, da moralização, do fim da hegemonia peemedebista no Estado. O tempo passou e provou que os goianos fizeram uma péssima escolha.
Desde que Marconi assumiu, em 1999, os indicadores do Estado só pioraram. A violência, quase 20 anos depois, cresceu mais de 200% e a capital do Estado, Goiânia, chegou a horrorosa marca de 23ª cidade mais violenta do mundo. O efetivo da Polícia Militar caiu cerca de 15% enquanto a população cresceu 50%. A Polícia Civil, sucateada, perdeu 50% do seu efetivo. A Dívida consolidada do Estado subiu 150% e chegou a mais de R$ 18 bilhões. O curioso é que não há obras de infraestrutura em Goiás que possam consubstanciar tamanha elevação da dívida. De 2012 até 2015 abriu-se um rombo nas contas públicas do Estado que chegam a R$ 2,1 bilhões. Somados ao restos a pagar, que são aquelas obrigações que deveriam ter sido quitadas num determinado exercício, mas são rolados para o próximo, o desequilíbrio nas contas chega a R$ 5 bilhões. Além disso, Marconi Perillo, em 2010, vetou acordo que salvaria a Celg-D, a maior companhia goiana, para, 6 anos depois, entregá-la a um grupo Italiano por pouco mais de 10% do seu valor de mercado em 2011. Líquidos, a empresa que fatura quase R$ 9 bilhões por ano foi vendida por R$ 800 milhões.
Em 2012, o governador de Goiás se viu em meio a um grande esquema de corrupção, desvendado pela Operação Monte Carlo. Agora, em 2017, a PGR concluiu o inquérito que apurou a participação do chefe do executivo goiano nos esquemas e apresentou denúncia criminal contra ele no STJ. De acordo com a denúncia, Marconi teria favorecido a empresa Delta Construções em contratos de locação de veículos e recebido, para isso, R$ 90 mil. Ato contínuo, divulgadas as delações da Odebrecht, descobre-se que Marconi Perillo irrigou suas campanhas de 2010 e 2014, segundo as delações, com dinheiro sujo da empreiteira que comprava políticos de todas as matizes. De acordo com a PGR, Marconi, tratado pela alcunha de Patati no esquema da empreiteira, recebeu cerca de R$ 8 milhões da Odebrecht para favorecê-la em contratos de saneamento básico mantidos com o Estado.
Alvo de outros inquéritos no STJ, Marconi Perillo revela-se um verdadeiro fiasco e constituí-se uma vergonha para os goianos que primam pela probidade e pela moralidade pública. O político, que sustenta-se em milionárias campanhas midiáticas, que colocou Goiás entre os piores estados do país no quesito contas públicas, na iminência de decretar falência, como divulgado recentemente pelo Jornal Valor Econômico, cobre seu povo de um sentimento de descrença, de pessimismo e de indignação. O “homem da camisa azul”, que usou para se eleger a metáfora do fim das panelinhas políticas no Estado, é apontado pelos delatores da Odebrecht como um político que não tinha vergonha de pedir “contribuições” e chegou a falar em R$ 50 milhões para favorecer a empresa em contratos de subdelegações dos serviços de saneamento no Estado.