Em artigo publicado no último dia 02, Josias de Souza, um dos mais respeitados blogueiros do País, fez duras críticas aos deputados envolvidos no escândalo da Petrobrás, o Petrolão, que votaram a favor da redução da maioridade penal na última terça-feira, entre eles os goianos Sandes Júnior e Roberto Balestra. A proposta foi aprovada por 323 depois de uma questionável manobra do presidente da casa, Eduardo Cunha.
“Sem os petrolões, a coluna do “sim” seria reduzida para 306 votos, dois a menos do que o mínimo necessário à aprovação de uma emenda constitucional. Mais decisiva ainda foi a participação de Eduardo Cunha, outro investigado da Lava Jato. Como presidente da sessão, Cunha não votou. Mas manbrou para que a derrota da véspera se convertesse em vitória”, escreveu Josias.
Josias, que é dono de uma verve extraordinária, chamou de paradoxo a atitude dos envolvidos no esquema: “repare no paradoxo: na prática, deputados investigados no STF por suspeita de embolsar propinas definiram o jogo a favor do encarceramento de menores que cometem crimes graves. Numa sociedade doente, com tantos criminosos em potencial, é difícil saber qual deles é mais perigoso —os menores ou os pequenos homens? A dúvida reacende um debate antigo: o que é mais decisivo na formação de um bandido, o ambiente ou a genética?”, pergunta.
O colunista enxerga na nossa tradição patrimonialista o motivo da deliquência dos congressistas. “Não se tornam delinquentes sozinhos. A culpa é do modelo vigente, que quase os obriga a ser o que são, tamanhas as facilidades que lhe oferece —tolerância, cumplicidade, impunidade”, afirma.
Josias lamenta o fato desses “pequenos homens” continuarem votando projetos de tamanha importância para a sociedade: “Enquanto o STF não os julga, continuam votando na Câmara. E atendem aos anseios da maioria da sociedade, mandando para cadeias superlotadas os menores que não tiveram vaga nas escolas que a corrupção dos pequenos homens impediu que fossem construídas”, conclui.