O ex-governador de Goiás Marconi Perillo (PSDB) é investigado em inquérito penal por envolvimento no suposto recebimento de vantagens indevidas pagas pela empreiteira Odebrecht nas campanhas do tucano para o governo de Goiás nos anos de 2010 e 2014. Na mesma ação, que corre na 11ª Vara da Justiça Federal de Goiás, também figura como investigado o atual presidente da Agência Goiana de Transportes e Obras (Agetop), Jayme Rincon.
O inquérito penal, que apura o cometimento dos crimes de lavagem de dinheiro e corrupção passiva, foi remetido à justiça goiana pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) depois que Marconi Perillo renunciou ao cargo de governador para concorrer à uma cadeira no Senado Federal em outubro próximo. De acordo com as investigações, baseadas nas delações premiadas dos ex-executivos da Odebrecht, Alexandre José Lopes Barradas, Fernando Luiz Ayres da Cunha Santos Reis, José Antônio Pacífico Ferreira e Ricardo Roth Ferraz, o tucano teria sido beneficiado com o pagamento de R$ 10 milhões, sendo R$ 2 milhões em 2010 e R$ 8 milhões em 2014.
Nas delações, os executivos afirmam que os valores pagos ao tucano teriam como contrapartida a facilitação da obtenção de contratos entre o governo de Goiás, por meio da Saneago, e a Odebrecht Ambiental, subsidiária da empreiteira Odebrecht, para a prestação de serviços de captação e tratamento de esgoto sanitário em cidades do entorno do Distrito Federal.
Ainda segundo os delatores, Marconi Perillo chegou a abrir um Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI) para projeto de esgotamento sanitário envolvendo dez municípios da região do Distrito Federal. De acordo com a Procuradoria Geral da República, o PMI era o primeiro passo para cumprir o objetivo prometido à Odebrecht Ambiental, que até então tinha que se contentar com a subdelegação dos serviços da Saneago.
De acordo com o MPF, depois que lançou a referida PMI, Marconi Perillo tomou a iniciativa de marcar um almoço com Marcelo Odebrecht, presidente da empreiteira, o que de fato ocorreu em 28 de março de 2014, segundo narra a peça acusatória. Na ocasião, Perillo teria pedido uma contribuição do “tamanho da presença da Odebrecht no Estado”, o qual o então governador quantificou em R$ 50 milhões.
Ao final, relatam os delatores Fernando Luiz e João Pacífico, presentes na reunião entre Perillo e Marcelo Odebrecht, a empresa deliberou pelo pagamento de R$ 8 milhões em troca dos benefícios prometidos. De acordo com o MPF, os colaboradores foram unânimes em afirmar que, tanto na campanha de 2010, quanto na campanha de 2014, Jayme Rincon foi o operador de Marconi Perillo para recebimentos ilegais, “sendo certo sua participação nos crimes de Marconi Perillo”, diz a peça inaugural da PGR endereçada ao STJ.
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