Vivemos um momento profundamente distópico no Brasil. A ascensão da extrema-direita transformou o cenário político e social em um terreno fértil para figuras grotescas que, em qualquer ambiente minimamente racional, jamais seriam levadas a sério. Esses personagens escrotos, defendendo o esdrúxulo com fervor messiânico, têm encontrado respaldo em um público cada vez mais fanatizado, resultado direto da mistura perigosa entre política e religião. Trata-se de uma combinação explosiva que anestesia a razão e compromete a cognição coletiva.
Exemplo simbólico desse delírio nacional é o caso do “pastor mirim” Miguel Oliveira, uma criança que, travestida de pregador, vocifera discursos toscos, repletos de irresponsabilidade e fundamentalismo, escancarando o nível de degradação intelectual a que fomos submetidos. Mesmo com sua retórica vazia e caricata, ele conquista multidões — um retrato fiel do desespero coletivo por figuras messiânicas, por mais absurdas que sejam.
O negacionismo virou política patidária e de comportamento. A ciência é tratada como opinião, a história é reescrita sob conveniências ideológicas, e o debate público cede lugar a teorias da conspiração e delírios apocalípticos. A lógica foi preterida em favor de ilusões perigosas, alimentadas por um sectarismo cego que sequestrou parte expressiva da sociedade. O Brasil parece caminhar a passos largos rumo a um abismo ético, intelectual e civilizatório, embalado por uma extrema-direita que promove ignorância como virtude.
You must be logged in to post a comment Login