Na esteira do que prega o governador do Amazonas, Wilson Lima (União Brasil), aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro, que sustenta que a oposição ao presidente Lula precisa de uma alternativa menos “radical”, analistas políticos avaliam que chegou a hora da direita democrática assumir o seu lugar dentro do espectro político brasileiro. Lima disse recentemente que é preciso iniciar discussões com as demais lideranças do União Brasil, e também com outras lideranças de direita, com o objetivo de buscar um caminho de centro, de menos radicalismo do que é adotado hoje pelo chamado bolsonarismo.
“Meu alinhamento é com Bolsonaro. O mundo caminha para um processo de pragmatismo. A participação de Bolsonaro foi importante para reavivar a direita. (O bolsonarismo) não enfraquece, mas busca um caminho de centro, de menos radicalismo”, frisa o governador do Amazonas.
Em editorial publicado na edição de ontem (09/07), o jornal O Estado de São Paulo fez coro ao governador amazonense e, de forma mais incisiva, sustenta que a direita democrática, enquanto espectro político, precisa se afastar do bolsonarismo, atitude que, na avaliação do jornal, poderá solidificar o espírito do antipetismo e se apresentar como alternativa à esquerda brasileira.
“Se não quiser ser vista como parte do gangsterismo disfarçado de movimento político chamado “bolsonarismo”, a direita precisa negar Bolsonaro. É uma equação eleitoralmente difícil, mas ou é isto ou então é mergulhar no abismo moral e político que o bolsonarismo representa. Mas, antes de mirar o PT, a direita precisa se descontaminar do que há de mais antidemocrático e incivilizado que este país produziu em sua história”, diz trecho do editorial.
Segundo a opinião do Estadão, afastar-se do bolsonarismo é a missão a ser cumprida pelos principais nomes da direita brasileira, como os governadores de São Paulo, Tarcisio de Freitas (Republicanos), de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), e do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), na avaliação do jornal, os três principais candidatos a herdar o capital político de Bolsonaro.
Extremismo
Na concepção do Estadão, “o bolsonarismo é a mais perfeita tradução de um extremismo destrutivo, só capaz de prosperar num ambiente de conflagração permanente e de negação dos padrões civilizados de convivência entre interesses sociais divergentes”. É preciso, diz, entender que Bolsonaro e bolsonarismo estão de um lado e a direita democrática está do outro. Não são ideologias que compõem o mesmo espectro, ao contrário, sustenta o jornal, “são água e óleo”.
“A direita tradicional é democrática, sustenta-se nas ideias liberais e republicanas e sabe respeitar as instituições e as regras da democracia. Os extremistas bolsonaristas só querem delinquir sem serem incomodados. As reais forças de direita, porém, rejeitam o vale-tudo, a intolerância e o golpismo”, expressou.