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Política

A luta contra a extrema-direita no Brasil requer um esforço conjunto e decidido da direita tradicional

Leniência, omissão e mesmo apoio explícito a atitudes autoritárias e de intolerância perpetradas pela extrema-direita no Brasil mostram o equívoco de integrantes da direita tradicional, espectro político que vai sendo engolido pelo radicalismo do bolsonarismo, movimento que já provou ser avesso à democracia

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Para conter o avanço da extrema-direita no Brasil é preciso superar o medo e a covardia, sob pena da completa derrocada da democracia

A ascensão da extrema-direita no Brasil, especialmente sob a liderança de figuras como Jair Bolsonaro, tem revelado uma crise de posicionamento dentro da direita tradicional. A omissão de políticos e partidos que historicamente se identificam com valores conservadores é alarmante e indica não apenas uma falta de coragem, mas também um medo de confrontar o radicalismo que se espalha entre suas bases eleitorais.

A direita tradicional no Brasil, que inclui partidos e políticos com atuações históricas, sobretudo em defesa da democracia, sempre teve um papel importante no cenário político nacional, defendendo políticas de mercado e uma agenda liberal em questões econômicas. No entanto, a resposta hesitante a ações e discursos extremistas de seus colegas de espectro político tem contribuído para a normalização de atitudes autoritárias e de intolerância.

Muitos políticos de direita se abstêm de criticar abertamente a retórica de Bolsonaro e seus apoiadores, temendo perder apoio de uma base que se radicaliza cada dia mais. Esse silêncio, por sua vez, permite que discursos de ódio e desinformação se tornem comuns na política, corroendo as instituições e ampliando os movimentos antidemocráticos e antissistema.

Ao não se distanciar das ideias extremistas, alguns líderes da direita tradicional acabam por legitimar práticas que não representam a essência de uma direita moderada. Isso se reflete em uma aceitação tácita de posturas antidemocráticas, como, por exemplo, o pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes e a anistia para os golpistas de 8 de janeiro.

A ausência de um discurso claro e consistente que proponha alternativas ao radicalismo impede que a direita tradicional ofereça uma visão de futuro que possa atrair eleitores desencantados com a extrema-direita. O medo de perder apoio eleitoral acaba inviabilizando o enfrentamento legítimo às atitudes radicais do bolsonarismo, que tem como único objetivo a ruptura democrática, sem, efetivamente, apresentar alternativas de governo que contemplem o país e seu povo.

Direita e Extrema-Direita

As diferenças entre direita e extrema-direita são fundamentais para entender essa dinâmica. A direita tradicional, em sua essência, busca a manutenção da ordem e da estabilidade, respeitando os direitos individuais e as instituições democráticas. Já a extrema-direita, muitas vezes, apela ao nacionalismo exacerbado, à deslegitimação das instituições e à construção de inimigos, seja por meio de ideologias racistas, xenofóbicas ou autoritárias.

Essa dicotomia é crucial, pois a extrema-direita frequentemente se aproveita da crise de identidade e das falhas da direita tradicional para angariar apoio popular, explorando medos e inseguranças, em discursos que misturam cultura, moralidade, desinformação e religião.

Para conter o avanço da extrema-direita, é vital que a direita tradicional tome medidas assertivas, como a definição mais clara de valores, educação política e construção de alianças.

Políticos devem reafirmar publicamente o compromisso com a democracia, os direitos humanos e o pluralismo. Isso envolve não apenas se distanciar da extrema-direita, mas também criticar suas táticas e propostas.

Os partidos devem investir em campanhas de conscientização que informem o público sobre os perigos da radicalização e da desinformação, precisam, também, promover o debate aberto sobre as implicações de políticas extremistas.

Outra estratégia que deveria ser adotada pela direita, espectro que mais sofre com o avanço da extrema-direita, seria formar coalizões com partidos e movimentos que defendem valores democráticos e liberais, unindo forças para criar uma frente contra o extremismo, como incentivar e apoiar candidatos que representem uma visão moderada e democrática, capaz de dialogar com a população de maneira construtiva.

É preciso, também, adotar iniciativas de inclusão, como criar políticas que promovam a inclusão social e econômica, reduzindo o apelo de discursos extremistas que se aproveitam da desigualdade e da exclusão.

A luta contra a extrema-direita no Brasil requer um esforço conjunto e decidido da direita tradicional, que deve superar o medo e a covardia para enfrentar radicalismos que ameaçam a democracia e a convivência pacífica na sociedade. Somente assim será possível construir um futuro mais justo e equilibrado para todos.

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