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Eleições 2024

Acusado de receber “bolsa político”, Fred Rodrigues não consegue justificar cargo de R$ 21 mil na Alego

O candidato do PL a prefeito de Goiânia foi citado pelo adversário Sandro Mabel, do União Brasil, como beneficiário de um cargo de diretoria na Assembleia Legislativa, cuja admissão se deu logo após ter seu mandato de deputado cassado

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Fred Rodrigues teve o mandato cassado em dezembro do ano passado e logo após assumiu cargo de diretor na própria Alego. Ele se desincompatibilizou no início de abril

O liberal Fred Rodrigues, candidato do PL a prefeito de Goiânia, mostrou-se desconfortável com a acusação do seu adversário Sandro Mabel (UB) de que receberia R$ 21 mil mensais da Assembleia Legislativa de Goiás. Segundo o candidato governista, Rodrigues teria sido agraciado com um cargo de diretoria na Alego assim que teve o mandato de deputado estadual cassado pelo TSE, no final do ano passado. Mabel disse, também, que Fred teria, além do salário, direito a carro com motorista e cerca de 40 assessores. As informações foram repassadas por Mabel durante o debate realizado na TV Record Goiás, no sábado (28/09).

“A verdade é que, depois de ser cassado por irregularidades na sua campanha de vereador, você [Fred Rodrigues] inaugurou a bolsa político. Você acha justo receber R$ 21 mil, enquanto 75 mil famílias aqui em Goiânia recebem R$ 600 reais do Bolsa Família? O Fred recebe R$ 21 mil da bolsa político”, criticou Mabel.

No seu programa eleitoral gratuito desta terça-feira (01/10), Fred levou ao ar vídeo onde aparece em frente ao prédio da Alego, afirmando que ocupou sim o cargo de diretor de Promoção de Mídias Digitais da Casa e que sua presença havia sido atestada por meio do ponto eletrônico, mas não apresentou provas e nem tampouco mostrou qualquer ação desempenhada à frente do posto de diretor do poder legislativo de Goiás.

Durante o debate, Mabel, que tem sido frequentemente criticado pelo liberal, inclusive sendo acusado de ser simpático ao governo petista, alfinetou Fred Rodrigues e lembrou que o próprio candidato do PL já admitiu ter votado no presidente Lula. Além disso, o candidato governista informou que Rodrigues, apesar de se apresentar como o candidato que tem o menor gasto de campanha, já recebeu mais de R$ 2,5 milhões do fundo eleitoral para custear sua candidatura.

Incoerência

Para o analista político Fabrício Carvalho, esse embate entre Sandro Mabel e Fred Rodrigues trouxe à tona um ponto crítico para a campanha do liberal, que se apresenta como o único candidato da direita, embora esteja muito mais próximo da extrema-direita. De acordo com o analista, para um candidato que carrega a bandeira do “antissistema” e que se apresenta com o discurso da ruptura, soa incompreensível para o eleitor que esse mesmo candidato seja beneficiário das benesses do próprio sistema que ele desqualifica.

“Essa exposição coloca em xeque a principal bandeira de Fred Rodrigues. A imagem de um candidato que promete romper com o establishment político perde força quando, na prática, ele se beneficia dos mesmos privilégios que critica. Mabel, ao comparar a situação de Rodrigues com a realidade de 75 mil famílias em Goiânia que dependem de R$ 600 do Bolsa Família, constrói uma narrativa de contraste entre o sacrifício da população e os benefícios mantidos por um político cassado”, explica.

Carvalho avalia, ainda, que a incoerência do discurso de Fred Rodrigues, apontada por Mabel, dificilmente será ignorada por um eleitorado cansado dos privilégios políticos. “O eleitor que simpatiza com a mensagem de ruptura trazida por Rodrigues pode começar a questionar se, de fato, o candidato encarna os valores que defende”, pondera.

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