Apesar dos visíveis e assustadores números da violência em Goiás e, principalmente, em Goiânia, o Governo de Goiás e a Secretaria de Segurança Pública do Estado insistem em minimizar o problema, usando de campanhas publicitárias para dizer que tudo caminha dentro da normalidade, como fez, recentemente, o Secretário de Segurança Pública, Joaquim Mesquita. Indagado sobre que nota daria para a segurança do estado, Mesquita não se fez de rogado e, contrariando os números da violência, disse que daria nota 8 para a segurança pública de Goiás.
Ontem, no entanto, durante audiência pública sobre criminalidade e violência no Estado, realizada na sede da Ordem dos Advogados do Brasil em Goiás (OAB-GO), em Goiânia, o chefe de gabinete da Secretaria de Segurança Pública e Administração Penitenciária (SSPAP), Edilson de Brito, admitiu as dificuldades na área. “O sistema de segurança pública está errado. Estamos passando por momentos muito difíceis”. A informação é do Jornal O Popular, em matéria assinada por Pedro Nunes e Cleomar Almeida.
Segundo levantamentos feitos por especialistas da área, Goiânia, hoje considerada uma das cidades mais violentas do mundo, perdeu 54% do contingente de policiais militares em quase 10 anos. Em 2007 o efetivo de PMs atuando na capital era de 3.500 policiais e a população da cidade era de 1,2 milhão de habitantes. Agora, em 2016, esse efetivo é de apenas 1.582 policiais e a população já chega a 1,4 milhão de moradores. Se levados em consideração a proporção de policiais por habitantes nos dois momentos do estudo, o resultado é catastrófico. Em 2007 a relação de PM x habitante em Goiânia era de 1 por 343. Hoje essa relação é de 1 policial para cada grupo de 885 moradores.
Para o ex-comandante da PM em Goiás, coronel César Pacheco de Araújo, esse baixo efetivo de policiais abre margem para a criminalidade. O Cel. Divino Alves, comandante do policiamento da capital, também reconheceu as carências e disse que a PM precisa de aporte de efetivo e aporte motivacional, provavelmente se referindo a baixa auto-estima da tropa, motivada, sobretudo, pela falta de reconhecimento do Governo do Estado, que tem travado uma queda de braço com os agentes de segurança pública do estado.