A recente fala de Jair Bolsonaro, que foi interpretada como um sinal de que ele reconhece não ter condições de se candidatar à presidência em 2026, gerou perplexidade entre seus aliados mais próximos. Muitos esperavam que o ex-presidente assumisse uma postura de cabo eleitoral, apoiando um nome forte de sua base política para enfrentar o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que deverá buscar a reeleição. Em vez disso, Bolsonaro sugeriu o lançamento de sua esposa, Michele Bolsonaro, como possível candidata à sucessão, o que surpreendeu e dividiu os membros de seu entorno político.
Em entrevista à CNN, Bolsonaro comentou uma Paraná Pesquisas que mostrou Michelle empatada com o presidente Lula (PT) em um eventual segundo turno, e admitiu lançá-la ao Planalto em 2026, caso ela o nomeasse ministro da Casa Civil se ganhasse a eleição. “Não tenho problemas [com eventual candidatura], seria também um bom nome, com chances de chegar. Obviamente, ela me colocando como ministro da Casa Civil, pode ser”, afirmou Bolsonaro.
Embora alguns interpretem o gesto como uma tentativa de manter sua influência nas eleições de 2026, outros enxergam uma manobra arriscada. A ideia de lançar Michele como candidata indica que Bolsonaro não está disposto a ceder o protagonismo político, preferindo manter uma estratégia de continuidade da sua presença no cenário político, mesmo que de forma indireta. Ao sugerir sua esposa como sucessora, o ex-presidente sinaliza que sua influência poderá ser exercida por meio de sua própria família, algo que traz à tona o debate sobre a perpetuação do poder dentro de uma mesma linhagem.
A proposta de Bolsonaro também levanta questionamentos sobre o futuro da direita no Brasil. Ao invés de fomentar o surgimento de novos líderes ou fortalecer figuras políticas da sua base, ele parece optar por uma solução familiar, o que pode gerar resistência dentro de seu próprio grupo. Aliados históricos de Bolsonaro, que esperavam maior abertura para novos nomes e uma articulação mais estratégica para as eleições de 2026, se veem agora diante de uma situação que pode colocar em risco a coesão do bolsonarismo.
Com a possível candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva, as movimentações de Bolsonaro indicam que a disputa política não deve seguir um caminho tradicional. Ao colocar sua esposa como uma possível sucessora, ele reforça a ideia de que sua luta pelo poder não se fundamenta na defesa dos ideais de direita que dominam o discurso desse espectro no Brasil, mas estariam muito mais identificados com a defesa dos seus próprios interesses e de sua família.
Isso não apenas complica a articulação da direita, como também abre um novo capítulo na história política do país, marcado pela tentativa de transferência de poder dentro de uma mesma família.
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