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Política

Bolsonaro alimenta golpe com o cuidado para não se comprometer com a justiça

A princípio, o candidatato derrotado nas eleições de outubro último preferiu o silêncio e se recusou a reconhecer a derrota para Luiz Inácio Lula da Silva. Recluso, Bolsonaro viu seus fanáticos alimentarem as mais esdrúxulas teorias golpistas que já se teve notícias no Brasil desde a redemocratização, e permaneceu calado. Agora, aparece com discurso confuso, enviesado e sem nexo, numa tentativa calculada de incitar seus séquitos à desordem

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É unanimidade entre jornalistas e comentaristas políticos que as manifestações golpistas espalhadas pelo Brasil afora seriam imediatamente esvaziadas se Jair Bolsonaro, presidente e candidato derrotado nas últimas eleições, viesse a público reconhecer a derrota e pedir ao seus séquitos que aceitem o resultado das urnas. O fato é que Bolsonaro não está nem um pouco disposto a esse último ato de hombridade e respeito pela democracia.

Desde que foi proclamado o resultado do 2º turno da eleição presidencial, em 30 de outubro próximo passado, Jair Bolsonaro, que teve 58 milhões de votos, cerca de 2,3 milhões de votos a menos do que Lula, o vencedor, que obteve o sufrágio de 60,3 milhões de eleitores, preferiu o silêncio e a reclusão. Desde então, Bolsonaro ainda não tinha falado em público, até que na última sexta-feira (09/12) falou a um grupo de apoiadores que se concentrava em frente ao Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente da República.

Enigmático, Bolsonaro soou cuidadoso nas suas palavras para não ser acusado de incitação ao golpe, mas em momento algum se dispôs a reconhecer a derrota e pedir respeito às urnas para seus seguidores. Pelo contrário, com seu discurso enviesado, acabou suscitando apoio aos sectários que clamam por golpe de estado. “Vocês estão se manifestando de acordo com as nossas leis. Vocês são cidadãos de verdade. Está na hora de parar de ser tratado como outra coisa aqui no Brasil”, discursou o presidente aplaudido por seu fanáticos.

É falso que as manifestações que estão ocorrendo Brasil afora sejam de fato legítimas. Não são. Uma vez que os apoiadores de Jair Bolsonaro insistem em não aceitar o resultado legítimo das urnas, manifestando no sentido de impedir que o presidente eleito tome posse, esse movimento passa a ser inconstitucional, portanto, ilegítimo e ilegal.

A Bolsonaro bastaria a humildade de reconhecer a derrota e pedir paz aos fundamentalistas que o idolatram. Não o fez e não o fará, porque sua natureza não é a de um democrata ou de alguém que seja capaz de reconhecer os próprios erros e entender que precisa melhorar. O liberal perdeu a eleição, isso é outra unanimidade, devido ao seu comportamento grosseiro e de desprezo à democracia. O que Bolsonaro poderia se assumir agora, seria o de líder da oposição, mas nem isso parece estar interessado. O que lhe move é o desejo insano de tomar o poder pela força. Vai dar com os burros n’água, dizem especialistas.

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