Em entrevista à CNN Brasil na tarde desta terça-feira (03/12), o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (UB), fez críticas à conduta do presidente Lula, que, segundo ele, se esconde atrás do indiciamento de Jair Bolsonaro e abdica de apresentar os resultados que a população brasileira espera do governante. Para Caiado, há dois anos, o país tem se ocupado apenas em discutir como e quando o ex-presidente será julgado, se ele é culpado ou inocente, se será preso ou não, o que, na sua avaliação, é um equívoco, já que quem vai julgar tudo isso é o Supremo Tribunal Federal e no momento oportuno.
“Quem tá muito preocupado com esse assunto é exatamente o presidente Lula, porque tem dois anos que o Brasil só discute isso [a situação jurídica de Bolsonaro]. O dólar a R$ 6, um arcabouço fiscal colapsando, um corte de gastos que não resolveu nada, desentendimento nas estruturas de governos são problemas que estão sendo desviados para um segundo plano em decorrência dessa discussão se o ex-presidente Bolsonaro vai ser preso, como ele vai ser julgado e como isso vai interferir em 2026”, criticou.
De acordo com Caiado, a população brasileira, neste momento, está preocupada em saber como o Brasil vai continuar sem nenhuma expectativa de futuro, já que, na sua avaliação, até agora, depois de dois anos, o governo petista ainda não apresentou nada que pudesse inspirar essa confiança no povo brasileiro.
“Cada vez mais, esse governo se esconde atrás de uma discussão que será resolvida pelo STF, pela Polícia Federal, que será julgada e cuja decisão será pronunciada no momento certo. Nesta hora, como governantes que somos, eu enxergo que estamos preocupados em pautar temas para levarmos conhecimento e melhorias para a população. Enfim, estamos vendo a ausência do estado naquilo que a sociedade mais deseja que seja respondido”, frisou.
Relação com Bolsonaro
Perguntado sobre sua relação com Bolsonaro depois das eleições municipais, principalmente em Goiânia, onde houve um enfrentamento direto entre candidatos bolsonarista e caiadista, Ronaldo Caiado disse que essa situação já está superada e que o que aconteceu foi aquilo que é natural numa disputa política partidária.
“Essa situação já foi demais esclarecida. Ele lançou o candidato dele, eu lancei o meu e ganhei as eleições. Na minha reeleição para governador, ele lançou o candidato dele, eu saí à reeleição e ganhei no primeiro turno. Então, eu diria que existem pontos de convergências e existem pontos de divergências, como também foi na pandemia”, explicou.
Ao comentar os altos e baixos da sua relação política com o ex-presidente, Caiado fez questão de reforçar a defesa da sua independência moral e política, fato que tem marcado sua carreira de homem público ao longo de quase quarenta anos, característica que, de acordo com o próprio governador, o permite decidir o que entende ser melhor em determinados momentos. Antes de ser governador, Caiado foi cinco vezes deputado federal e senador, ocupando lugar de destaque no Congresso Nacional.
“Essa é uma característica muito forte na minha vida. Eu tenho essa independência moral para decidir aquilo que acho melhor e nunca deixei de me pronunciar nos momentos políticos que me exigiram tal postura. Me pronunciei numa reforma tributária, também tive a coragem de me posicionar a respeito do Susp [Sistema Único de Segurança Pública], e agora me posicionei que serei pré-candidato a presidente da República”, reforçou.
Na condição de governador mais bem avaliado do Brasil, Caiado reafirmou que a decisão de concorrer ao Planalto já está tomada, independente de quem serão os outros pré-candidatos, e que, mesmo que o ex-presidente reúna condições jurídicas de exigibilidade para o pleito de 2026, nada muda no seu projeto de disputar a Presidência da República.
“Se o Bolsonaro for pré-candidato, nós estaremos disputando uma vaga no primeiro turno. Agora, existe uma convergência das ideias, não na totalidade, mas existem ali pontos que são compatíveis com aquilo tudo que eu defendo desde 1986, época em que construímos um movimento de defesa do produtor rural, da livre iniciativa e do direito de propriedade”, lembrou.
O governador goiano enfatizou que mantém a sua coerência política e ironizou o fato de que hoje é quase um modismo defender a direita no Brasil, mas que essa não era uma tarefa fácil quando disputou a Presidência em 1989. Caiado frisou, também, que a eleição de 2026 não será uma eleição para o que chamou de “político frouxo”, mas uma tarefa para quem de fato quer dar um rumo para o país.
“Em 89, fui o único candidato a presidente da República a defender o direito de propriedade, a livre iniciativa. Éramos 22 candidatos, só eu que defendi essas pautas, porque, ali, naquele momento, ninguém tinha coragem, todo mundo era socializante. Agora está na moda defender os valores da direita. Eu mantenho a minha coerência e quero ir para uma eleição presidencial justamente para mostrar o que nós fizemos em Goiás. E posso garantir mais. A eleição de 2026 não é tarefa para político frouxo não. É tarefa para quem realmente tem a intenção de disputar uma eleição para corrigir os rumos do país”, pontuou.
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