Ao analisar o atual quadro político brasileiro, com vistas à sucessão presidencial de 2026, o comentarista e analista político da GloboNews, Otávio Guedes, apontou o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (UB), como o mais longevo e autêntico representante da direita em atividade no Brasil. Segundo o analista, o goiano já defendia as pautas da direita liberal desde a década de 1980, quando ninguém tinha a coragem de se apresentar como direita e, nem tampouco, sair em defesa de agendas como o livre mercado, direito de propriedade, defesa do agronegócio e outras medidas caras a esse espectro da política nacional.
Caiado iniciou sua carreira política há quase 40 anos, como líder e fundador da União Democrática Ruralista (UDR). Em 1989, primeira eleição direta após a redemocratização do país, o goiano concorreu a presidente como o único candidato efetivamnete de direita.
“Caiado é um dos poucos políticos que desde a década de 1980 se diz de direita no Brasil, quando ninguém se dizia de direita nesse país. No máximo [as pessoas se diziam] de centro, de centro-direita. Nem o PFL, que era o partido que tinha surgido da Arena, se classificava como de direita, se apresentava como partido de centro. Já o Caiado, mesmo nessa época, dizia que era de direita e assim se apresentou na eleição de 1989”, lembrou o analista.
A análise de Guedes se deu no contexto onde ele discorria sobre o anúncio do cantor Gusttavo Lima, que disse que será candidato a presidente da República em 2026. Para o analista, esse fato demonstra muito claramente que Jair Bolsonaro (PL), hoje inelegível, não tem o controle sobre a sucessão presidencial que se avizinha.
“Ele [Bolsonaro] imaginou que fosse o dono da direita, até pela personalidade autoritária dele, porque não admite nenhum tipo de divergência ou de sombra. Então são movimentos da direita que assombram Bolsonaro. Tanto esse anúncio do Gusttavo Lima, quanto a própria movimentação do Caiado, que já disse que é pré-candidato à eleição para presidente em 2026”, pontuou.
Diferente do entorno de Jair Bolsonaro, que avaliou a possível candidatura de Lima como uma traição ao ex-presidente, uma vez que seu nome teria forças para dividir a direita, pulverizando principalmente o bolsonarismo, o governador Ronaldo Caiado teve outra reação. Para o goiano, que é hoje o governador mais avaliado do Brasil, no primeiro turno das próximas eleições tem lugar para todo mundo que se acha apto a disputar o pleito.
Para Caiado, a aliança dos candidatos de direita, com o apoio àquele que chegar ao segundo turno, é que fará a diferença para levar a direita à vitória. “No primeiro turno, tem espaço para todo mundo”, afirmou.
Ascensão de Caiado
O governador goiano tem se destacado nacionalmente como um dos principais nomes da direita tradicional no Brasil. A postura política de Caiado, pautada pela racionalidade e pelo respeito às instituições, contrasta com os movimentos mais radicais que ganharam força nos últimos anos. Caiado representa um modelo de liderança que valoriza o diálogo e a construção de consensos, características fundamentais da direita moderada que, atualmente, se vê em um cenário político desafiador.
Atualmente, a direita brasileira enfrenta um dilema: a escassez de líderes e ideais que representem adequadamente suas pautas, além de ser constantemente confundida com a extrema-direita. O que se observa é que quem está realmente órfão no cenário político são os representantes da direita tradicional, enquanto a extrema-direita se fortalece em meio a discursos inflamados e polarizadores.
Essa identificação equivocada da direita com o conservadorismo exacerbado e as práticas autoritárias dos extremistas tem deixado muitos eleitores simpáticos ao espectro da direita em busca de novas referências, que não se encontrem imersas na radicalização. Nesse sentido, outra vez o nome de Caiado é citado como aquele capaz de unir a direita brasileira.
Pré-candidato
Apontado pela mídia nacional como um dos nomes que estarão nas urnas em 2026 concorrendo à cadeira de presidente da República, Caiado tem aumentado sua participação em eventos Brasil afora, discutindo assuntos que são prioridades na pauta nacional, entre eles a segurança pública, hoje o maior gargalo da gestão petista.
Para o governador goiano, as eleições gerais ainda estão distantes, mas ele já se declara pré-candidato dentro do seu partido, o União Brasil. Com apoio dos dirigentes da legenda e outros correligionários, Caiado prepara o lançamento oficial da sua pré-candidatura para fevereiro próximo, em Salvador, capital baiana.
“Já estou andando o Brasil todo, já estou fazendo minhas reuniões políticas, estou fazendo reuniões com empresários, prestadores de serviços, setor imobiliário, setor rural. Tenho conversado com evangélicos, católicos. Tenho andando”, frisou.
Sobre a viabilidade do seu projeto de disputar o Planalto em 2026, Caiado disse que é preciso construir as condições necessárias para que essa candidatura tenha o respaldo do eleitor. Segundo o governador goiano, para se viabilizar candidato ao cargo máximo da República, precisa, primeiro, avançar na construção de alianças partidárias e ter o apoio dos seus correligionários.
“Ninguém, na política, é candidato de ninguém se não tiver essa brecha, uma condição de você ter densidade eleitoral. É preciso construir essa condição”, explicou, reivindicando sua experiência de quase 40 anos de vida pública e de ter sido cinco vezes deputado federal, senador e duas vezes eleito governador do estado, além de ter concorrido ao Planalto em 1989.
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