Em extensa matéria publicada no Jornal O Estado de São Paulo (Estadão), a jornalista Bianca Gomes discorre sobre o histórico do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (UB), e sua pretensão de disputar a Presidência da República nas próximas eleições gerais. A jornalista ouviu o cientista político Renato Dorgan, especialista em pesquisas eleitorais e estratégia política e CEO do Instituto Travessia, que avalia que o goiano desponta como uma opção razoável para a disputa presidencial de 2026 por reunir, segundo ele, atributos que o permitem atrair eleitores mais ao centro, e não só à direita.
“Caiado tem um grande apelo no campo do desenvolvimento econômico e do agronegócio, com uma postura menos ideológica e distante da extrema direita. Ele representa um ‘azul clássico’, similar aos antigos candidatos do PSDB ou ao próprio FHC. Tem o perfil de um democrata, alguém com uma postura mais centralizada”, analisa Dorgan.
O especialista acredita que Ronaldo Caiado tem mais potencial para conquistar o voto de centro, que foi decisivo para Lula em 2022, mesmo considerando que o governador de Goiás parte de uma base eleitoral menor em comparação a nomes como o de Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, ou figuras ligadas à família Bolsonaro.
“Do ponto de vista do marketing político, é muito mais fácil de ser construído do que qualquer um desses outros candidatos. O próprio Tarcísio é muito preso ao estigma do bolsonarismo”, avalia.
A reportagem do Estadão lembra, também, que, a partir de agora, Caiado, único que já se declarou pré-candidato à corrida presidencial de 2026, deve avançar para a criação de um núcleo de coordenação política, que contará com o presidente do União Brasil, Antônio Rueda, com ACM Neto e outros atores políticos proeminentes do partido. Como estratégia para chegar ao Planalto, Caiado planeja selecionar nomes para formar o time de especialistas encarregado de elaborar sua plataforma de governo.
Giro pelo País
De acordo com Antônio Rueda, o União Brasil vai contratar pesquisas para nortear a estratégia eleitoral de Caiado, com a primeira delas, em nível nacional, prevista para este mês. A intenção agora, segundo o presidente, é criar uma agenda nacional em torno da pré-candidatura do governador goiano.
“É começar a fazer o dever a partir da nossa casa, criando um movimento político consistente. Por isso, vamos a Salvador, estou pedindo para ele ir a Natal, Teresina… E não tem como menosprezar os maiores colégios eleitorais, como Rio e Minas. Temos que ir para cima nesses Estados e construir uma base com personagens da política que comprem o trabalho do Caiado”, disse o dirigente nacional.
Caiado já anunciou que fará o lançamento oficial da sua pré-candidatura a presidente da República no início de março, na cidade de Salvador, capital baiana que é administrada pelo correligionário Bruno Reis, que foi reeleito com com quase 80% dos votos válidos
Posição tomada
Em entrevista ao portal UOL no fim do ano passado, Ronaldo Caiado, hoje o governador mais bem avaliado do Brasil, reforçou sua condição de pré-candidato à sucessão do presidente Lula e disse que vai concorrer com ou sem o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro, que está inelegível até 2030, em virtude de decisão do Tribunal Superior eleitoral. “Eu serei candidato. Não existe condicionante”, frisou, emendando que nunca foi dependente de ninguém na política e nem tampouco se comportou como mero coadjuvante.
“Eu sou um cirurgião, sei fazer diagnóstico. Não tem como negar que Bolsonaro tem muita influência eleitoral no Brasil, mas eu nunca fui dependente de ninguém, nunca me comportei como vaquinha de presépio na política. O que vocês podem ter certeza é que, seja quem for que vier para 2026, Ronaldo Caiado estará no páreo, disputando eleição para presidente. Não sei se Bolsonaro será candidato, mas eu serei”, assegurou.
Longe dos extremos
Caiado reforça a necessidade de se afastar dos extremos e buscar o diálogo para colocar fim à polarização que atrasa o país. Segundo o governador, o brasileiro já está cansado de posições extremadas e que é preciso se abster de atitudes que alimentam a polarização política no Brasil.
“Ninguém aguenta mais essa discussão beligerante que tomou a política brasileira, ninguém mais tem estômago para isso, esse quadro de um vai pro céu e o outro vai pro inferno. O que eu quero é que essas pessoas que seguem o Bolsonaro entendam que a vida política exige diálogo, que ninguém é dono da verdade”, avalia.
Enquanto enfrenta desafios na gestão goiana, segundo ele causadas por retaliações do governo federal, Caiado comemora sua alta aprovação em Goiás – na última pesquisa Quaest, o governador goiano aparece com 88% de aprovação.
“A segurança, que é uma das principais preocupações dos eleitores, deve ser a principal bandeira da campanha de Ronaldo Caiado, assim como a educação. Em 2023, Goiás conquistou a melhor nota do país no ensino médio da rede estadual, segundo o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica”, destaca a reportagem do Estadão.
Caiado rechaça a ideia de que, num primeiro turno, vá haver a união de todos os partidos de direita que integram o espectro político brasileiro na disputa pelo Planalto em 2026. Para o governador goiano, é natural que outros partidos que defendem pautas mais caras à direita também lancem seus candidatos, e citou exemplos de legendas que têm quadros para pleitear a disputa, como o PL, de Valdemar Costa Neto, e o PP do presidente da Câmara Arthur Lira, além do PSD e Republicanos. “Não é possível aglutinar todas as forças em uma única candidatura. É um universo compartilhado com outros partidos”, avalia.
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