O candidato a prefeito de Goiânia Fred Rodrigues (PL) tem usado seu tempo no programa eleitoral gratuito para reivindicar o monopólio da direita na capital, alegando que nem Vanderlan Cardoso, do PSD, e nem Sandro Mabel, candidato do União Brasil apoiado pelo governador Ronaldo Caiado, seriam representantes desse espectro político. Fred, inclusive, acusa Vanderlan de ser o plano B do PT em Goiás.
Em que pese a eleição municipal não ser necessariamente guiada por ideologias e nem estar contaminada pela polarização direita/esquerda que domina a política nacional, o fato é que Fred Rodrigues e toda ala do partido liberal em Goiás estão mais próximos da extrema-direita do que exatamente da direita, como quer fazer crer o candidato bolsonarista.
De acordo com a ciência política, a extrema-direita, ou extremismo de direita, é a política mais à direita do espectro político e é guiada por tendências ultraconservadoras, autoritárias, nacionalistas extremas e anticomunistas, características que se adequam ao discurso do liberal e do bolsonarismo como um todo, movimento que se apoia no mantra deus, pátria, família e liberdade.
Segundo Alberto Pfeifer Filho, professor da USP, os movimentos de extrema-direita, apesar de apresentarem variações conforme regiões no mundo, possuem posicionamentos comuns, como um caráter ultraconservador, uma agenda nacionalista forte e intensa rejeiçao à globalização e tendências de cooperação econômica, diferente da direita racional, ou direita clássica, que defende estado mínimo, cooperação internaciional e abertura de mercados.
Já a Enciclopédia da Política afirma que a extrema-direita é avessa à democracia eleitoral e defende posições extremas, muitas vezes racistas, xenófobas e homofóbicas, além do fundamentalismo religioso e discurso do antissistema. Curiosamente, diferente da direita, a extrema-direita defende políticas econômicas que estão mais tradicionalmente associadas à esquerda, como a antiglobalização, nacionalismo exacerbado e protecionismo econômico, características que sustentam a Teoria da Ferradura, a qual argumenta que, nos extremos, extrema-direita e extrema-esquerda acabam se aproximando, da mesma forma que o fim de uma ferradura.
A resistência de Fred Rodrigues em se reconhecer de extrema-direita, segundo analistas, está ligada ao fato de que a denominação possui uma conotação pejorativa. Apesar disso, os adeptos desse espectro militam com profunda intensidade de acordo com os fundamentos ideológicos desse extremo, não escondendo o caráter supremacista, autocrático e de adoração à figura de um líder carismático e forte.
Na avaliação de cientistas políticos, o fato do jornalismo político normalizar que um extremista de direita se apresente como representante da direita contribui para que os dois espectros se misturem, mesmo que, teoriacamente, direita e extrema-direita sejam ideologias completamente diferentes.