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Política

Confissão de que não tinha indícios contra ministros escancara a má-fé de Jair Bolsonaro

A confissão do ex-presidente, ocorrida durante depoimento no curso da ação penal que corre contra ele no STF, não apenas fortalece as acusações de tentativa de golpe, como também evidencia o risco que sua liderança representa à estabilidade democrática.

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Jair Bolsonaro durante depoimento no Supremo Tribunal Federal

A recente confissão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em depoimento ao ministro Alexandre de Moraes no âmbito da ação penal que tramita no STF e que o acusa de liderar uma organização criminosa que tentou dar um golpe de Estado no Brasil, expõe de forma inequívoca a má-fé que pautou sua relação com as instituições democráticas brasileiras durante seu mandato (2019–2022).

Ao admitir que não possuía provas, tampouco indícios, para sustentar a grave acusação de que ministros do Supremo teriam recebido milhões de dólares, Bolsonaro não apenas desmente a si próprio, mas também escancara a estratégia deliberada de desgaste institucional que adotou para minar a confiança da população na Corte.

A tentativa de justificar sua fala como “retórica política” é uma afronta à responsabilidade que se espera de um chefe de Estado. Acusações dessa magnitude, proferidas por um presidente da República, jamais podem ser reduzidas a mero discurso político. Trata-se de um ato doloso que buscava descredibilizar o STF — o principal obstáculo às suas pretensões autoritárias — e pavimentar o caminho para a ruptura democrática.

Ao longo de seu governo, Bolsonaro usou reiteradamente de fake news, ataques infundados e teorias conspiratórias como instrumentos de corrosão institucional. O pedido de desculpas, tardio e claramente motivado pela pressão judicial, não repara os danos causados à democracia brasileira. Ao contrário, confirma que o ex-presidente operou com deslealdade, utilizando o cargo para atacar pilares do Estado de Direito.

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