Em entrevista ao quadro “Em Pauta”, da Revista Veja, publicado nesta terça-feira (16/04), o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (UB), reafirmou seu desejo de concorrer à Presidência da República nas eleições de 2026 e fez críticas ao governo do petista Luiz Inácio Lula da Silva, e também à forma como o governo brasileiro tem se comportando diante da guerra no Oriente Médio. Para Caiado, o presidente Lula estaria “perdendo a vontade de governar”.
Ao falar sobre o anúncio da revisão da meta fiscal para 2025, anunciada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o governador de Goiás disse que esse fato faz com que se acenda o sinal de alerta, já que muda totalmente os parâmetros da economia brasileira. Para Caiado, a falta de critérios técnicos claros, que indiquem de onde virá a arrecadação para bancar os custos, é temerário do ponto de vista econômico.
“Como é que ela [a economia]vai caminhar? No momento em que você vê o presidente perdendo a vontade de governar. Você não vê o governo com ações concretas, ele está se esvaziando por falta de eficiência. Essa é uma realidade. Junto com isso, sem dúvida nenhuma, está a economia. Uma reforma tributária que ainda não foi sequer regulamentada. Não sabemos nem qual será a real carga tributária no país”, ponderou.
Disposto a fazer acenos mais claros ao eleitorado conservador brasileiro, Ronaldo Caiado esteve recentemente em Israel, onde manifestou total apoio ao governo daquele país pelos ataques sofridos pelo grupo terrorista Hamas. Nesta semana, o Irã fez ataques ao país de Benjamin Netanyahu. Para Caiado, a nota emitida pelo Itamaraty sobre a ação iraniana foi infeliz, já que não condenou de forma veemente a ofensiva do país islâmico.
“Analiso como sendo uma infelicidade enorme do presidente Lula, até porque o Brasil sempre foi conhecido como um país que sempre lutou pela pacificação”, frisou.
Apontado por grupos políticos da direita como um dos herdeiros do espólio eleitoral de Jair Bolsonaro, inelegível até 2030 por força de decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Caiado confirma que já comunicou ao União Brasil o seu desejo de concorrer à Presidência da República nas eleições de 2026. O goiano reitera, no entanto, que tem plena consciência que não é apenas um projeto que o credencia para a disputa, mas uma série de fatores, além, claro, da excelente administração que faz em Goiás, atestada pelas várias pesquisas divulgadas.
“Tem que ter muita ponderação. Mas, neste momento, o que eu já propus e realmente comuniquei ao meu partido, o União Brasil, é que quero me colocar como pré-candidato. Agora, sei que isso não é apenas a minha vontade. Você tem que construir uma base partidária, tem que saber se você consegue avançar nas alianças e nas coligações. Tem que passar por uma convenção, e aí, sim, ir para a campanha eleitoral. Então, são várias etapas, mas a minha disposição é exatamente essa hoje.
Sobre a possibilidade da formação de uma federação partidária, que incluiria o próprio União Brasil, o PP e o Republicanos, Ronaldo Caiado confirmou que há conversas nesse sentido e reconheceu que o megabloco, em se concretizando, reuniria a maior bancada do Congresso Nacional, o que daria uma grande e indiscutível força para alavancar o seu projeto de se lançar candidato a presidente. Essa construção, no entanto, só deve se consolidar a partir de fevereiro de 2025, diz.
“Seria uma federação, que está sendo cada vez mais conversada, com os partidos Republicanos, PP e União Brasil. Poderão vir outros? Sim. É possível antes das eleições municipais? Não, não é possível. É possível antes da eleição da Mesa da Câmara e do Senado? Muitos acham também que não. A perspectiva é que isso se consolide a partir de 1º de fevereiro de 2025. Então, dentro dessa lógica, podemos chegar, sim, a uma federação com mais de 150 deputados federais e 30 senadores da República. Numa campanha eleitoral, isso é uma força indiscutível — de tempo de televisão, de capacidade de atrair aliados no Brasil todo e de poder disputar uma eleição”, pontuou.
Caiado é taxativo ao reconhecer que Bolsonaro é hoje o principal nome da direita no Brasil, portanto, o maior cabo eleitoral desse espectro na atualidade. Para o governador goiano, o ex-presidente conseguiu fazer com que aflorasse o sentimento de conservadorismo, de liberdade e iniciativa privada no Brasil. Nesse ponto, diz Caiado, os seus princípios políticos, principalmente aqueles relacionados à livre iniciativa, direito de propriedade, economia de mercado, geração de emprego e renda, se confundem com o do ex-presidente.
“Temos que reconhecer que Bolsonaro conseguiu fazer com que aflorasse o sentimento de conservadorismo nos brasileiros. Foi ele quem conseguiu fazer com que isso viesse à tona. A vontade do povo brasileiro, 60%, 70%, é ser conservador. Só que tinha um certo acanhamento, faltava aquela coisa de despertar isso junto às pessoas. Eu comecei (na direita) até antes dele, mas coube a ele fazer esse movimento, fazer as pessoas terem essa convicção de ir para as ruas, de se posicionar, de se defender. Então, isso é um lado extremamente positivo. É a verdadeira democracia”, avalia.
Governador mais bem avaliado do Brasil
Pesquisa Genial/Quaest, divulgada no último dia 11, testou a avaliação de quatro governadores representantes da direita e possíveis candidatos a presidente da República em 2026. O estudo apontou que o governador Ronaldo Caiado tem a melhor avaliação entre os nomes testados no estudo. Foram avaliados os governadores Tarcisio de Freitas, de São Paulo; Romeu Zema, de Minas Gerais; Ratinho Jr, do Paraná; e Ronaldo Caiado, de Goiás.
A aprovação do governo estadual goiano chega a 86%. Apenas 12% dos entrevistados disseram desaprovar o governo Caiado e 2% não souberam opinar ou não responderam. Em segundo lugar, aparece Ratinho Jr, que tem 79% de aprovação. Tarcísio de Freitas e Romeu Zema empatam com 62% cada um em seus respectivos estados.
O governo Caiado também lidera na avaliação das áreas de atuação do Governo Estadual, com destaque para a segurança pública, onde alcança 69% de aprovação, contra apenas 10% de menções negativas. Na educação, outra área prioritária para os brasileiros, Caiado tem 67% de menções positivas e somente 8% de negativas. No indicador geração de emprego e renda, o governo goiano recebeu 62% de avaliação positiva.
Para Felipe Nunes, diretor da Quaest, além de ser o governador mais bem avaliado entre os governos pesquisados, Ronaldo Caiado mostra muita força eleitoral e tem construído uma política de segurança pública que tem tudo para servir de plataforma para seu pretenso projeto presidencial para 2026.
A pesquisa Genial/Quaest ouviu 1.127 eleitores em Goiás no período de 4 a 7 de abril. A coleta de dados foi realizada por meio de entrevistas face-a-face, através de aplicação de questionários estruturados. A margem de erro é de 2,9 pontos percentuais, para mais ou para menos, e o nível de confiança da pesquisa é de 95%.
