O deputado federal bolsonarista Gustavo Gayer (PL/GO) voltou a usar suas redes sociais para promover notícias falsas ou enganosas com o objetivo de jogar a opinião pública contra o governo do presidente Lula. Em vídeo divulgado no X, antigo Twitter, o fiel escudeiro do ex-presidente Jair Bolsonaro, usando uma imagem de fundo do Decreto 11.965, de 11 de setembro deste ano, induz seus seguidores ao erro ao sugerir que o governo brasileiro teria firmado um acordo com o grupo extremista, considerado terrorista por boa parte do mundo, Hamas, que está em guerra com o estado de Israel.
O bolsonarista, em tom incisivo, informa de maneira absolutamente tendenciosa e enganosa que o Governo Lula teria firmado parceria com um grupo terrorista que atua pela libertação da Palestina, e diz que ele e colegas estariam providenciando um Projeto de Decreto Legislativo (PDL) para sustar o acordo assinado pelo governo brasileiro. “Vamos denunciar pro mundo que o governo brasileiro ajuda e faz parceria com grupos terroristas que arrancam a cabeça de bebês (sic)”, diz Gayer no vídeo publicado.
Ao contrário do que afirma o bolsonarista, o Decreto 11.965, publicado no último dia 11 de setembro, apenas promulga o que foi acordado entre o Brasil e a Organização para a Libertação da Palestina, em nome da Autoridade Nacional Palestina, firmado em Ramallah, em 17 de março de 2010. O acordo tem por objeto promover a cooperação técnica nas áreas consideradas prioritárias pelas partes e não tem, em hipótese alguma, nada a ver com o grupo extremista Hamas, que sequer é reconhecido pela Autoridade Palestina.
Ainda segundo o acordo, na consecução dos objetivos do presente pacto, as partes poderão fazer uso de mecanismos trilaterais de cooperação, por meio de parcerias triangulares com outros países, organizações internacionais e agências regionais. O decreto impõe, ainda, que atos que possam resultar em revisão do Acordo e ajustes complementares que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional estão sujeitos à aprovação do Congresso Nacional, nos termos do inciso I do caput do artigo 49 da Constituição Federal.
Precedentes
O canal no YouTube do deputado goiano Gustavo Gayer foi listado por relatório do Google enviado à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, encerrada em outubro de 2021, como o 2º que mais ganhou dinheiro com a publicação de desinformação relacionada à pandemia entre os vídeos analisados.
Segundo o levantamento, Gayer recebeu R$ 40 mil por audiência e publicidade de 56 vídeos, que já foram apagados da rede social pelo YouTube ou pelo próprio usuário, após serem identificados como disseminadores de notícias falsas. Os dados, publicados pelo jornal O Globo, foram enviados pela empresa de tecnologia a pedido da CPI e são sigilosos.
Em setembro próximo passado, a Polícia Federal (PF) começou a investigar a conduta do deputado federal, que divulgou um vídeo em que uma mulher dizia que o governo federal não estava prestando assistência às vítimas das fortes chuvas no Rio Grande do Sul, e que as doações para as vítimas no RS não estavam sendo distribuídas, pois o objetivo seria fazer com que os donativos fossem entregues pessoalmente pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Naquele final de semana, Lula cumpriu agenda internacional na Índia, de modo que quem esteve presente no RS foi o presidente em exercício, Geraldo Alckmin (PSB). A informação foi confirmada pelos ministros Flávio Dino, da Justiça e Segurança Pública, e Paulo Pimenta, da Secretaria de Comunicação do governo.
Veja o vídeo em que Gayer faz as afirmações falsas contra o governo brasileiro