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Política

Deputado é criticado por afirmar que obesidade feminina seria mais grave do que feminicídio

Publicação do deputado estadual Cairo Salim suscita uma falsa equivalência entre obesidade feminina e o crime de feminicídio, sobrepondo o primeiro, que é um problema de saúde, ao segundo, que é o assassinato motivado pelo fato da vítima ser mulher

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Deputado estadual Cairo Salim (PSD) foi infeliz em postagem no Instagram, avaliam internautas

O deputado estadual reeleito Cairo Salim (PSD) foi bastante criticado por postagem nas redes sociais, no mínimo, equivocada. O parlamentar publicou na sua conta no aplicativo Instagram um card com um corpo feminino obeso ao fundo, com os dizeres: “A obesidade mata muito mais mulheres do que o ‘feminicídio’. Segundo a mensagem destacada por Salim, “o lobby feminista, atuando nos governos e na mídia, tem como efeito fazer as mulheres perderem tempo com problemas imaginários e ignorarem os problemas reais! (sic)”. Na avaliação de especialistas, o debate sugerido pelo deputado pode ser entendido como uma falácia da falsa equivalência, que é atribuir o mesmo valor de relevância a dois lados quando, na verdade, essa equivalência não existe.

A reação ao post do deputado pessedista foi imediata. Para os internautas, a comparação do parlamentar foi infeliz e passa a ideia de que o feminicídio seria um problema menor, quando na verdade se constitui um dos maiores dilemas para as mulheres brasileiras, sobretudo no momento em que o machismo e o sexismo ganharam projeção em virtude da onda conservadora que tomou o Brasil nos últimos quatro anos. Além disso, mensagem como essa, passada pelo parlamentar, acaba marginalizando as pessoas que sofrem com a obesidade.

“Deputado, existe um equívoco na comparação. Nenhum problema – seja de saúde, segurança, social – deve ser menosprezado. Mas a comparação reduz a gravidade do feminicídio, que precisa ser enfrentado de forma intransigente por todos nós”, ponderou o perfil oficial da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social de Goiás.

“Falha grave de comunicação! São duas realidades graves, que precisam do olhar cuidadoso do poder público, e um fato não diminui a gravidade do outro”, criticou outra internauta. Além da falsa equivalência entre as duas questões colocadas, as críticas também chamaram a atenção para o fato de que a obesidade, seja ela em homens ou mulheres, está associada a um problema de saúde, que pode atingir também jovens e crianças, e não poderia, jamais, ser comparada à violência que é o feminicídio.

O próprio deputado cita, na sua postagem, as estatísticas do feminicídio no Brasil. “Em 2021, houve 1.319 feminicídios no país, um recuo de 2,4% em relação ao ano anterior (que teve 1.351 vítimas), segundo estudo do Fórum Brasileiro de Segurança Pública”, escreveu. Já em 2022, até o fim do primeiro semestre, o número de assassinatos de mulheres por sua condição de gênero chegou à média de quatro mortes por dia. Foram 631 casos entre janeiro e junho daquele ano.

Para o psicólogo Marcus Vinicius Valim, de Anápolis, a postagem do deputado goiano é o que se entende por lógica assimétrica. “O distúrbio alimentar muitas vezes tem causas inconscientes e, apesar de provocar problemas de saúde, suas causas não são a violência e não há interferência direta do outro. Fazer esse tipo de comparação ajuda a aumentar a discriminação, desinformação e marginalizam as pessoas que sofrem tanto com a obesidade quanto com a violência doméstica”, ensina.

Veja a postagem do deputado no Instagram

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