Em Goiás costumam dizer que o muro anda sobre os gatos, numa alusão a inversão de valores que reinam no Estado. No poder há mais de 16 anos, o famigerado Tempo Novo, como foi concebido o Governo de Marconi Perillo (PSDB), teima em transferir a responsabilidade de sua má gestão para uma oposição que não tem voz e não tem vez no Estado, infelizmente.
Com maioria absoluta na Assembleia, Marconi Perillo está concluindo 25% do seu quarto mandato, que teve início em janeiro desse ano, depois de reeleito às custas de um discurso de prosperidade e contas ajustadas. Desde que assumiu seu primeiro mandato, em 1999, a realidade goiana mudou muito, e pra pior: a violência aumentou 230% – o Estado saiu da 18ª condição de mais violento do País com uma taxa de homicídios de 13 mortes por cada grupo de 100 mil habitantes e chegou a 4º pior do Brasil, com uma média de 46,53 assassinatos por 100 mil moradores -, a dívida consolidada subiu 114% e chegou a R$ 17,3 bilhões e o rombo nas contas públicas alcançou R$ 1,492 bilhão em dezembro de 2014. Apesar disso, dirigentes do PSDB em Goiás, entre eles o seu presidente, Afrêni Gonçalves, diz que a culpa da atual e mais séria crise que o estado atravessa é da oposição, encabeçada pelo PMDB de Iris Rezende.
Segundo Afrêni, ao destacar os equívocos cometidos pelo Governo de Perillo, a oposição aposta no “quanto pior melhor”, como se o simples fato de trazer a público as mazelas do governo fosse a causa da má administração tucana. A verdade, entretanto, é que as dificuldades financeiras enfrentadas pelo Estado acabou atingindo a todos e não pode mais ser escondida pelas caras e bem elaboradas campanhas midiáticas do Governo tucano. A falta de prioridade saltas aos olhos, como a contratação de show no valor de quase R$ 1 milhão para animar o revéillon em Goiânia.
Para tentar reequilibrar as contas públicas, Marconi Perillo teve que cassar direitos adquiridos dos servidores públicos, escalonar pagamento de salários, postergar acordos firmados há mais de 2 anos, promover calote em reajustes e data-bases, aumentar impostos, suspender isenções do IPVA, cancelar empenhos e suspender incentivos fiscais de 75 grandes contribuintes. A pobre oposição goiana, não obstante o empenho de seus representantes, nada pode fazer.
O que falta a turma palaciana é a humildade para reconhecer o erro e descer do pedestal da arrogância, que beira o autoritarismo, para construir uma saída que beneficie, principalmente, o povo goiano. Culpar a oposição é mais uma estratégia do tucanato para se afastar da responsabilidade pelos graves problemas que assolam Goiás.