Há exatos dois anos, no dia 21 de fevereiro de 2023, Goiás perdia Dona Íris de Araújo, ex-deputada federal por dois mandatos e ex-primeira dama do Estado e de Goiânia. Nascida em 7 de maio de 1943, em Três Lagoas (MS), Dona Íris morreu aos 79 anos, pouco mais de um ano após a morte de Iris Rezende Machado, com quem foi casada por 57 anos.
Ao longo dos mais de 50 anos de vida pública, Dona Íris foi incansável na defesa dos direitos das mulheres e à plena emancipação delas no cenário social e político do País. Ao lado do marido, o maior líder político de Goiás, Dona Íris lutou pela redemocratização do país. Foi a única mulher a discursar no grande evento pelas Diretas Já, em Goiânia, em 1984, que reuniu cerca de 300 mil pessoas na Praça Cívica e imediações.
Com seu exemplo, marcou gerações de mulheres que se espelharam nas suas ações para ocuparem lugar de destaque, seja na política e/ou outros cargos no mercado de trabalho. Foi a primeira mulher brasileira a concorrer à presidência da República, quando ocupou a vice na chapa encabeçada por Orestes Quércia, nas eleições de 1994.
A ex-deputada foi também presidente da executiva do MDB goiano no período de 1995 a 1998 e assumiu, interinamente, o Senado Federal por duas ocasiões, em 2003 e 2006, enquanto suplente de Maguito Vilela. Entrou para a história como a primeira mulher a dirigir o MDB nacional, entre março de 2009 e janeiro de 2010.
Dona Íris foi eleita duas vezes deputada federal, em 2006 e 2010, com votações recordes. Durante seus mandatos no Congresso Nacional mostrou-se uma parlamentar municipalista e republicana, destinando verbas por meio de emendas a vários municípios e instituições goianas.
Ana Paula: “Reconhecer o protagonismo da Dona Íris é respeitar a história”
Segunda filha do casal Iris Rezende e Dona Íris, a advogada e empresária Ana Paula Rezende avalia que defender o legado da sua mãe é, sobretudo, respeitar a história política de Goiás. Ana lembra que Dona Íris alcançou protagonismo na política numa época em que o machismo era quase uma virtude, a misoginia era celebrada e o preconceito contra as mulheres na política era uma regra.
“Minha mãe viveu tudo isso com coragem, com destemor e com idealismo. Nunca teve uma mácula na sua biografia e jamais se rendeu ao fisiologismo que hoje, infelizmente, é tão natural na política”, pontua, lembrando que, com ações e exemplos, Dona Íris abriu caminhos para que outras mulheres pudessem, hoje, ocupar lugar de destaque na política.
Ana Paula avalia, também, que é impossível negar a importância de Dona Íris na vitoriosa carreira política de Iris Rezende. “Foram 57 anos de companheirismo e lutas juntos”.
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