O general Santos Cruz, que foi ministro-chefe da Secretaria de Governo de Bolsonaro, afirmou ao jornal Estadão que uma das principais tarefas dos que desejam organizar a oposição democrática de direita ao novo governo é esclarecer as pessoas que se deixaram iludir por Bolsonaro. Segundo o ex-aliado, Bolsonaro não tem as mínimas condições de liderar a direita racional no país.
“É preciso se livrar de Bolsonaro e do bolsonarismo. O ex-presidente não tem condições de ser líder da direita. Ele não é de direita. É um extremista populista que só prejudicou e acarretou desgastes à direita. É um dos destruidores da direita e transferiu sua responsabilidade política para os militares”, declarou.
Santos Cruz chama a atenção para o comportamento extremo de Bolsonaro, que foi incapaz de reconhecer a derrota e, a partir daí, reunir as forças de oposição política ao governo que o derrotou. Ao contrário, lembra o general, o ex-presidente preferiu manter um silêncio comprometedor e que insuflou seus seguidores a alimentarem uma aventura golpista no país. Grupos bolsonaristas ficaram por cerca de 60 dias acampados em frente a quartéis em várias cidades brasileiras pedindo intervenção das Forças Armadas contra a eleição de Lula.
“Existem grupos na frente dos quartéis que foram desconsiderados e desrespeitados pelo presidente, pois, em maior ou menor grau, são seus seguidores”, escreveu Santos Cruz no sábado passado. Seu texto foi publicado por Chagas, expoente da direita militar no Distrito Federal. “O que se viu e se vê é a desonestidade, a falta de sinceridade do presidente sobre a realidade nacional para aqueles manifestantes”, continuou Santos Cruz.
Fonte: O Estadão