O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em discurso no evento de inauguração do trecho Norte do BRT Norte-Sul e também em entrevista a Rádio Difusora de Goiânia, fez elogios ao governador Ronaldo Caiado e, embora adversário ideológico do goiano, disse que não tem queixas a fazer sobre o comportamento do chefe do Executivo estadual. Segundo Lula, ele e Caiado se conhecem desde a constituinte de 1988 e que, desde então, na sua avaliação, o político Ronaldo Caiado amadureceu bastante.
“Eu conheço o Caiado desde a constituinte de 1988, quando ele era muito jovem e era o grande líder da União Democrática Ruralista (UDR). De lá pra cá, eu acho que o Caiado amadureceu muito. Ele foi um senador atuante, e acho que ele é um governador muito civilizado. Eu, sinceramente, não tenho nenhuma queixa da minha relação com o governador Caiado”, frisou.
Lula disse que, para uma relação republicana entre governantes, não é necessário que o governador fale bem do presidente, ou que o presidente fale bem do governador, mas é fundamental que ambos se respeitem e que tenham, em prol da população, uma relação civilizada.
“Eu não peço o Caiado para falar bem de mim, ele não tem que me pedir para falar bem dele. Ele tem um pensamento ideológico, eu tenho outro, mas acontece que ele é o governador do Estado e eu sou o presidente da República. Nós temos que ter uma relação civilizada, nos tratar com respeito, porque quem ganha com isso é o povo”, explicou, e afirmou que todas as visitas que tem feito às federações do país são precedidas de convites aos governadores e prefeitos, independente de cor partidária.
Reforçando o pacto federativo, Lula diz que pretende convocar todos os 27 governadores de estado do Brasil para uma reunião em Brasília, onde será discutido o Plano Nacional de Segurança Pública. De acordo com o petista, seu objetivo é estabelecer um plano de enfrentamento à violência, tema que tem assustado o país, em parceria com todos os governadores.
“Eu respeito aqueles que disputaram eleição e que tiveram votos. Eu não pergunto qual a religião do governador, qual o time que ele torce, eu não pergunto de que partido ele é. Eu quero saber o seguinte: você é governador, eu trato com respeito. E nesse aspecto o Caiado tem tido um comportamento exemplar”, afirmou.
Ronaldo Caiado
A relação administrativa entre Ronaldo Caiado e o presidente Lula tem, de fato, sido republicana e de respeito mútuo. O governador goiano tem dito, em entrevistas, que é preciso separar o processo eleitoral do governo em si, que exige uma parceria constante.
“Em campanha eleitoral, ele [Lula] vai estar em um palanque, nós vamos estar em outro. Agora, administração, gestão de educação, saúde e segurança, políticas sociais, vamos continuar firmando parcerias”, pontuou o governador de Goiás, em conversa com jornalistas durante o 22º Fórum Empresarial Lide.
Considerado um adversário histórico do PT, Caiado já disse outras vezes que as divergências com Lula ficaram para trás, e, segundo ele, não restaram feridas dos embates mais acalorados que ambos tiveram enquanto protagonistas da política brasileira, principalmente quando o agora governador goiano liderava a UDR, movimento ruralista criado na década de 1980 e que se colocou em defesa da propriedade privada como garantia constitucional.
“Entendo que o presidente Lula está em seu terceiro mandato e sabe muito bem que não é o caso de ficar entrando em rota de colisão. Quem não lembra, lá atrás, de meus debates com Lula, quando eu era presidente da UDR? E quando disputamos a Presidência da República, em 1989? Esse tempo ficou pra trás”, afirmou em entrevista à Revista Veja no ano passado, pontuando que nada que saía daqueles embates era de ordem pessoal.
Por mais de uma vez, Ronaldo Caiado também tem pregado que o debate político e as parcerias administrativas devem se dar no campo da civilidade. Para Caiado, o brasileiro já está cansado de posições extremadas e ninguém mais aguenta essa discussão beligerante que tomou a política.
Para o goiano, hoje o governador mais bem avaliado do Brasil, só vai ter sucesso na oposição no Brasil, quem agir com inteligência, com argumentos, com conteúdo, com capacidade de debater, e o lado raivoso, que mostra total incapacidade de argumentar, esse, na sua opinião, vai ser cada vez mais desprezado pela população.
Em entrevista ao programa Conexão, da rede Record News, na semana passada, Caiado deixou claro que seu objetivo, sem nenhuma margem para dúvidas, é se lançar à disputa pela Presidência da República no pleito de 2026. De acordo com Caiado, ele já teria a anuência e o apoio do União Brasil nacional para se apresentar como pré-candidato na corrida pelo Planalto nas próximas eleições gerais, tendo como adversário, muito provavelmente, o próprio Lula.
