Celebrado como o grande vitorioso das eleições para prefeito nas principais cidades de Goiás, especialmente na capital Goiânia e na vizinha Aparecida de Goiânia, segundo maior colégio eleitoral do estado, o governador Ronaldo Caiado afirmou, em entrevista ao portal UOL, que vai concorrer à Presidência da República em 2026, com ou sem o apoio de Jair Bolsonaro. “Eu serei candidato. Não existe condicionante”, frisou, emendando que nunca foi dependente de ninguém na política e nem tampouco se comportou como mero coadjuvante.
“Eu sou um cirurgião, sei fazer diagnóstico. Não tem como negar que Bolsonaro tem muita influência eleitoral no Brasil, mas eu nunca fui dependente de ninguém, nunca me comportei como vaquinha de presépio na política. O que vocês podem ter certeza é que, seja quem for que vier para 2026, Ronaldo Caiado estará no páreo, disputando eleição para presidente. Não sei se Bolsonaro será candidato, mas eu serei”, assegurou.
Caiado reforçou a necessidade de se afastar dos extremos e buscar o diálogo para colocar fim à polarização que atrasa o país. Segundo o governador, o brasileiro já está cansado de posições extremadas e que é preciso se abster de atitudes que alimentam a polarização política no Brasil.
“Ninguém aguenta mais essa discussão beligerante que tomou a política brasileira, ninguém mais tem estômago para isso, esse quadro de um vai pro céu e o outro vai pro inferno. O que eu quero é que essas pessoas que seguem o Bolsonaro entendam que a vida política exige diálogo, que ninguém é dono da verdade”, avalia.
Caiado preferiu não polemizar sobre os ataques sofridos do ex-presidente durante a campanha em Goiânia e região Metropolitana, embora tenha afirmado que Bolsonaro foi “deselegante e desrespeitoso”. O governador esclareceu que, depois de 40 anos de vida pública, não lhe cabe a pecha de ingênuo, e que tem plena consciência do que se passa na política atual e das artimanhas que são usadas nas campanhas eleitorais.
“Se eu tivesse reagido à provocação do Bolsonaro, eu teria perdido o foco. O que interessa é o resultado. Eu tenho uma história de vida. Não é um cidadão que vai dizer o que eu sou. Não é ninguém que vai denegrir a minha imagem. Eu tenho credibilidade moral e intelectual para governar e para fazer política. Eu mostrei que eu sei ganhar eleições, diferente dele (Bolsonaro)”, provocou Caiado, lembrando que além das recentes eleições para prefeito de Goiânia e Aparecida de Goiânia, ganhou também a reeleição para governador em primeiro turno contra o candidato do próprio Bolsonaro, em 2022.
“Talvez agora, depois dessa segunda derrota aqui em Goiânia, ele (Jair Bolsonaro) possa acordar, cair a ficha, respeitar as lideranças locais e saber que não vale à pena vir com total deselegância e também com gesto de desrespeito. Sem dúvidas nenhuma, Bolsonaro não soube cumprir a sua missão de líder nos estados. Ele poderia ter priorizado Fortaleza, onde seu candidato disputava com o PT, mas preferiu vir aqui tentar me derrotar. Pra quê?”, questionou.
Eleições municipais
Caiado criticou os nomes que Bolsonaro quis impor aos eleitores goianienses e aparecidenses, e revelou que já havia procurado Bolsonaro no início do ano para que fosse feita uma composição nas principais cidades goianas para o fortalecimento da direita, mas que teria sido surpreendido com a atitude que Bolsonaro, juntamente com o senador Wilder Morais, teriam tomado. Segundo o governador goiano, o nome bolsonarista na capital não possuía as mínimas condições para gerir uma cidade do porte de Goiânia, município que tem mais de 1,5 milhão de habitantes e um orçamento superior a R$ 10 bilhões.
“Você não faz uma composição majoritária quando você não tem a responsabilidade de apresentar pessoas experientes para o cargo (…) De repente, eles imaginaram que apenas o número 22 era suficiente para vencer a eleição, sem se preocupar com quem estava à frente desse número. Eles colocam como acessório a pessoa e esperam que o número seja capaz de ganhar as eleições. As coisas não são assim”, frisou.
Em Goiânia, Caiado quebrou um tabu de 36 anos elegendo para prefeito da capital seu candidato, Sandro Mabel (UB), que venceu Fred Rodrigues (PL), candidato apoiado por Jair Bolsonaro, que esteve em ao menos quatro eventos de campanha do liberal, além da participação efetiva no programa eleitoral gratuito do PL. A vitória maiúscula de Mabel, com mais de 70 mil votos de frente para Fred (11,06% dos votos válidos), mostra a força política/eleitoral de Caiado, que foi o principal fiador da campanha do agora prefeito eleito da capital.
Em Aparecida de Goiânia, segundo maior colégio eleitoral de Goiás, Ronaldo Caiado também não poupou esforços para garantir a vitória de Leandro Vilela (MDB), candidato que assumiu a disputa pouco antes do prazo final para as convenções partidárias. Assim como em Goiânia, Vilela também era a aposta de Caiado contra o candidato do PL Professor Alcides, que contou com Bolsonaro participando de vários eventos da sua campanha. Na cidade da região Metropolitana, Vilela teve 63,6% dos votos válidos, contra 36,4% do bolsonarista Professor Alcides.