A demora do Governador Ronaldo Caiado em fazer as nomeações para cargos na administração da Universidade Estadual de Goiás (UEG) tem contribuído para afastar a influência do Governo do Estado nos destinos da instituição. Nomeações por portarias e demissões de comissionados indicados pelo executivo estadual seriam algumas das medidas tomadas pelo reitor interino que, em tese, forçam o Governo a aceitar os nomes impostos pela direção da UEG.
Em março último, Resolução do Conselho Universitário da Universidade Estadual de Goiás (CsU/UEG) resolveu acatar o pedido de afastamento do docente Haroldo Reimer do cargo de Reitor da UEG e designou o docente Ivano Alessandro Devilla para responder interinamente pela reitoria da instituição, a partir de 1º de abril de 2019.
Reimer é investigado por suposta nomeação de familiares e amigos para cargos no Pronatec. Ele afirma querer ‘cuidar com mais tranquilidade da defesa’, daí ter optado pelo afastamento.
Na oportunidade, o Conselho também decidiu aprovar a antecipação da eleição do cargo de Reitor da Universidade para o mês de junho de 2019 e nomeação do eleito a partir de agosto do mesmo ano.
No último dia 26 de junho, no entanto, quando já deveria ter ocorrido o pleito para escolha do novo Reitor da instituição, o interino Ivano Devilla nomeou, via portaria, cinco docentes da instituição para ocuparem cargos de pró-reitores na Universidade, até a publicação de decreto estadual com a nomeação definitiva dos novos pró-reitores, o que ainda não ocorreu.
A UEG é uma autarquia, instituída mediante transformação jurídica operada pelo artigo 18 da Lei n. 16.272, de 30 de maio de 2008, com autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial. O Reitor é eleito pelos professores, servidores técnico-administrativos e alunos e nomeados pelo Governador do Estado, conforme a legislação vigente. O mandato do eleito é de quatro anos.
Outro fato que demonstra parcimônia do Governo de Ronaldo Caiado em relação à UEG diz respeito às nomeações de 10 gerentes da instituição, feitas por portaria assinada pelo Reitor afastado Haroldo Reimer, em 2 de janeiro de 2019, logo após a exoneração dos então ocupantes dos cargos por decreto do recém empossado Governador Ronaldo Caiado. Essas nomeações não foram revistas pelo executivo, que detém a primazia de tais atos.
De acordo com servidores da Universidade Estadual, que pediram para não ser identificados, o Reitor Interino da Universidade age para que a instituição se distancie do Governo do Estado e atrasa deliberadamente as eleições para Reitor com o propósito de fortalecer sua própria candidatura ao cargo maior da autarquia. Alegam, também, que as nomeações precárias para cargos de pro-reitores e gerentes têm o objetivo de forçar a efetivação destes nomes pelo executivo estadual. “Ao criarem essas interinidades por portarias, acabam forçando o Governador a efetivá-las a contragosto”, avaliam.
A Universidade Estadual de Goiás ocupa a 121ª posição no Ranking Universitário Federal. Dos últimos quatro reitores da instituição, dois têm condenação na justiça e um, afastado, responde a processo administrativo. Neste ano, a UEG completa 20 anos de sua fundação, ocorrida por fusão de 14 faculdades e universidades isoladas que existiam até então no Estado de Goiás.