Parlamentares brasileiros de extrema-direita, que foram ao Congresso Americano no intuito de pregar um suposto estado ditatorial no Brasil, tiveram suas pretensões repelidas por congressistas dos EUA, que enxergaram distorções nas intenções dos bolsonaristas. Na avaliação de deputados americanos, ao contrário do que a audiência propunha, que era discutir a democracia brasileira, o Congresso de lá deveria estar trabalhando para avançar na parceria com o Brasil em um espírito de respeito mútuo. O evento ocorreu nesta terça-feira (07/05), em Washington DC.
Para a deputada democrata Susan Wild, o contexto da audiência proposta pelos extremistas brasileiros apresenta uma visão distorcida da democracia brasileira e fornece uma plataforma para aqueles que procuram destruí-la.
“Em vez de fortalecer nosso relacionamento com o Brasil, esse tipo de audiência faz o oposto e serve apenas para danificar e enfraquecê-lo. O Brasil é uma democracia forte e vibrante, com uma sociedade civil e mídia robustas”, pontuou.
Wild lembrou, ainda, que o Brasil possui uma variedade de partidos políticos representando um enorme espectro político e um sistema eleitoral que é, na sua avaliação, corretamente considerado um dos mais seguros e rápidos do mundo. Segundo a parlamentar americana, assim como nos EUA e em todas as democracia do mundo, no Brasil há debates saudáveis a serem tratados sobre aspectos das instituições do país.
Para vergonha dos extremistas brasileiros presentes na sessão, de forma enfática e reconhecendo a soberania da democracia brasileira, Susan Wild esclareceu que “política interna e debates sobre questões constitucionais e jurídicas devem ser decididos pelo povo brasileiro. Há representantes eleitos e um judiciário funcionando no Brasil”, frisou, e completou: “O Congresso dos Estados Unidos não é o foro competente para isso”.
A democrata questionou, também, o fato de que não foram propostas audiências no Congresso Americano para se discutir a tentativa de golpe perpetrada por Jair Bolsonaro e seu aliados, cujo auge se deu no dia 8 de janeiro de 2023, com a invasão dos prédios dos Três Poderes, em Brasília. Para a deputada, há um claro paralelo entre o 6 de janeiro de 2021 americano, quando uma turba instigada pelo ex-presidente Donald Trump invadiu o Capitólio, e o 8 de janeiro de 2023 brasileiro.
“O ataque de 8 de janeiro, que teve como objetivo subverter a democracia brasileira, foi conduzido de maneira que foi claramente inspirado pelo ataque de 6 de janeiro. Acredito que precisamos de mais investigação das conexões entre os dois eventos, e o papel que indivíduos nos Estados Unidos podem ter tido na tentativa de golpe, incluindo figuras públicas de extrema-direita que usaram suas plataformas para, no mínimo, apoiar expressamente um golpe”, concluiu.
O objetivo dos extremistas brasileiros é criar o máximo de factoides que os permitam vender uma imagem distorcida do Brasil no cenário internacional, principalmente junto a grupos de extrema-direita, alegando que a democracia brasileira estaria sob risco, e, com isso, tentar fragilizar o judiciário brasileiro, abrindo caminho para que o ex-presidente Jair Bolsonaro, que responde a uma série de crimes, inclusive por tentativa de golpe de estado, possa se livrar da cadeia.
Para analistas políticos, a extrema-direita, depois de falhar nas eleições e nas ações subsequentes para impedir a posse do presidente legitimamente eleito, busca agora minar a democracia brasileira de fora para dentro, aliando-se a extremistas mundo afora. Segundo os especialistas, para além da questão moral, os bolsonaristas se comportam como verdadeiros traidores do povo brasileiro, inclusive daqueles que os elegeram, e é possível que estejam cometendo mais crimes contra o Brasil e o estado democrático, passíveis de apuração pelo judiciário brasileiro.
Estiveram presentes na audiência nos EUA o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP); Nikolas Ferreira (PL-MG); Bia Kicis (PL-DF); Gustavo Gayer (PL-GO); Cabo Gilberto (PL-PB); Felipe Barros (PL-PR); Rodrigo Valadares (UB-SE); Marcos Pollon (PL-MS) e o senador Eduardo Girão (Novo-CE). Além dos parlamentares, a comitiva contou com o deputado cassado Deltan Dallagnol, os influencers da extrema-direita Paulo Figueiredo, Rodrigo Constantino e o fugitivo da justiça brasileira Alan dos Santos.
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