A filiação de Gustavo Mendanha ao PSD, comandado em Goiás pelo senador Vanderlan Cardoso, agendada para o próximo domingo (15), adiciona novas camadas ao xadrez político goiano com vistas às eleições de 2026. Ex-prefeito de Aparecida de Goiânia, ex-candidato a governador e aliado do governador Ronaldo Caiado (União Brasil) e do vice-governador Daniel Vilela (MDB), Mendanha dá um passo estratégico ao deixar novamente o MDB — desta vez, aparentemente de forma definitiva — e se aproximar do campo político liderado por Gilberto Kassab.
A movimentação é oficialmente justificada como um esforço para viabilizar uma candidatura ao Senado. No entanto, há elementos que tornam esse discurso menos óbvio do que parece. Primeiro, a própria postura de Vanderlan. Embora tenha elogiado Mendanha publicamente e chancelado sua chegada ao PSD, chama atenção a naturalidade com que recebe um potencial adversário direto, especialmente em um pleito no qual ele próprio pode tentar a reeleição. A dúvida que paira é se Vanderlan realmente abriria mão de disputar a reeleição ou se há um acordo mais profundo em curso.
Nos bastidores, ganha força a hipótese de que a verdadeira ambição de Mendanha seria integrar a chapa majoritária como vice de Daniel Vilela, numa estratégia de longo prazo que o colocaria em posição privilegiada para 2030. Nesse cenário, ele se credenciaria como sucessor natural, já que Daniel, se reeleito em 2026, não poderia disputar novamente o governo. Contudo, tal costura dependeria do aval do governador Ronaldo Caiado e do próprio Daniel Vilela. Segundo governistas, essa possibilidade enfrentaria resistência dentro da base aliada.
Por outro lado, uma eventual candidatura de Mendanha ao Senado esbarra diretamente no projeto de Gracinha Caiado. A primeira-dama é tratada como candidata prioritária da base governista, com o respaldo irrestrito do governador e sinalizações públicas de que deseja dividir a chapa com um nome do PL, partido de Jair Bolsonaro, até como forma de turbinar a campanha de Daniel Vilela ao governo.
Nesse tabuleiro, Mendanha aparece como uma peça importante, mas ainda sem casa definida no jogo majoritário — o que justifica a desconfiança generalizada que sua filiação ao PSD provocou. O movimento do ex-prefeito de Aparecida pode ser visto como ousado e pragmático, mas ainda envolto em incertezas. Resta saber se ele será protagonista em 2026 ou apenas um coadjuvante posicionado para 2030.
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