Investigação da Polícia Federal (PF), que culminou com o indiciamento de 37 pessoas por tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa, aponta que parlamentares bolsonaristas contaram com a ajuda de um manual golpista que continha um roteiro com estratégias que deveriam ser usadas durante a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), instalada em maio de 2023 e que tinha o objetivo de investigar os ataques aos prédios do Três Poderes, em Brasília.
Criado dez dias antes do início dos trabalhos da CPMI, o roteiro, de 3 páginas, foi apreendido na casa do ex-secretário-executivo da Secretaria-Geral a Presidência, general Mário Fernandes, um dos presos no último dia 19/11 por envolvimento na trama golpista para tomada do poder no Brasil, cujo objetivo era manter o ex-presidente Jair Bolsonaro na presidência, mesmo ele tendo perdido as eleições de 2022. A proposta de instalação de uma CPMI para investigar os atos golpistas de 8 de janeiro partiu da própria oposição ao governo Lula, que pretendia emplacar a narrativa de que o recém empossado presidente seria o verdadeiro culpado pela intentona golpista.
Para alcançar o objetivo improvável, o manual apreendido pela PF orientava os parlamentares bolsonaristas a difundirem narrativas de ataques ao governo Lula, ao Supremo Tribunal Federal (STF), ao ministro Alexandre de Moraes e à própria Polícia Federal. Intitulado de “ideias-forças”, o roteiro tinha como finalidade desgastar o governo, imputando-lhe a culpa pelos atos golpistas que destruíram as sedes dos Três Poderes, além de fortalecer a ideia de impeachment do ministro Alexandre de Moraes e também de anular as prisões dos chamados “patriotas”.
A orientação aos bolsonaristas trazia sugestões de como esses parlamentares deveriam conduzir seus discursos durante a CPMI, como por exemplo dizer que a prisão dos “patriotas” se comparava à prisão de judeus pelos nazistas. Também orientava que os deputados e senadores argumentassem que as prisões dos golpistas teriam ocorrido de forma arbitrária e em desacordo com a legislação pátria, e claro, sustentar que os ataques teriam tido a anuência do governo Lula.
Mesmo com os esforços dos bolsonaristas para mudarem a narrativa dos fatos, a CPMI terminou com a aprovação do relatório final pedindo o indiciamento de Jair Bolsonaro e mais 60 pessoas pela suposta prática dos crimes de associação criminosa, violência política, abolição do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado.
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