O Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que os deputados federais Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Gustavo Gayer (PL-GO) sejam incluídos no inquérito que investiga os atos antidemocráticos de 8 de janeiro.
A denúncia usa reportagem da Agência Pública que detalha como comitiva de deputados liderada por Eduardo Bolsonaro vem articulando apoio internacional por punições ao Brasil, a partir do discurso de que o país estaria vivendo uma “ditadura de esquerda”. Em vídeo publicado em seu perfil nas redes sociais, Eduardo negou ter defendido qualquer tipo de sanção ao país.
O documento, protocolado no STF nesta segunda-feira (15), argumenta que a viagem ao país e outras articulações internacionais refletem “a insistência da extrema direita brasileira em buscar apoio internacional” com o objetivo de “fomentar a falsa narrativa de haver uma grave e preocupante crise democrática em curso no Brasil, e, assim, de fato, criar uma real crise nas instituições democráticas do país”.
Integrantes da comitiva liderada por Eduardo Bolsonaro falaram sobre possíveis sanções ao Brasil por parte dos Estados Unidos durante a visita a Washington. Em entrevista à Epoch Times Brasil, ainda em Washington, o deputado André Fernandes (PL-CE), por exemplo, disse que “talvez com sanções ou iminentes sanções, o Brasil, mais específico o Judiciário, reflita, tire o pé do acelerador, porque nós não vamos parar”.
“Imagina se o Brasil começar a sofrer sanções, coisas do tipo”, disse Bia Kicis (PL-DF) ao ressaltar a possibilidade de vitória de Donald Trump. Ela caracterizou as sanções como “muito ruins” e lembrou que outros países latino-americanos receberam sanções sem que isso fosse “suficiente para a queda desses regimes”.
“Mas, como no Brasil a coisa não está tão profunda ainda, pode ser, eu tenho realmente a esperança que a gente consiga fazer com que algo aconteça, de verdade”, concluiu, também em entrevista à Epoch Times Brasil.
A denúncia do PSOL ao STF foi anexada aos inquéritos 4.921 e 4.922 e será avaliada pelo ministro Alexandre de Moraes, relator das investigações sobre o 8 de janeiro. O pedido foi assinado pela deputada federal Professora Luciene Cavalcante (PSOL-SP), pelo deputado estadual Carlos Giannazi (PSOL-SP) e pelo vereador de São Paulo Celso Giannazi (PSOL-SP).
“Quando a gente fala em fazer sanções contra o Brasil, é fazer sanções contra os negócios que o Brasil tem com esses países, ou seja, contra o conjunto do povo brasileiro”, disse em entrevista à Pública a deputada Professora Luciene Cavalcante.
Ela defende que a viagem, realizada em março, deve ser investigada juntamente ao 8 de janeiro, pois seria “uma continuação desse ataque à nossa democracia”.
As informações são da jornalista Laura Scofield, da Agência Pública, divulgada pelo ICL Notícias