O ministro Alexandre de Moraes, do STF, levantou o sigilo da investigação que levou à operação desta sexta-feira (25) contra o deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) por suspeita de desvio de dinheiro de cota parlamentar. De acordo com a decisão, a operação deflagrada hoje é um desdobramento da investigação de possível associação criminosa, cuja figura central é o deputado goiano. Segundo Moraes, após a análise do celular apreendido em poder de João Paulo Souza Cavalcante, assessor de Gayer, a PF colheu elementos informativos do desvio de recursos públicos para a prática dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023.
Segundo relatório da PF, que embasou a decisão do ministro do STF, ficou identificado com nitidez que Gustavo Gayer era quem dava a última palavra sobre onde e como seriam alocados os recursos supostamente desviados da sua cota parlamentar. Segundo a autoridade policial, foi o deputado quem engendrou as medidas que possibilitaram contratar a empresa “Goiás Online”, de propriedade de João Paulo, cuja finalidade era remunerar o assessor, já que ele não reunia condições legais para ser admitido como tal pela Câmara dos Deputados.
“Ora, foi ele quem assinou o ofício oferecendo a assessoria a João Paulo, e, posteriormente, ciente do impedimento que inquinava este último, imprimiu expedientes fraudulentos consistentes na contratação da empresa ‘Goiás Online’ com a finalidade velada de remunerar João Paulo. Ainda, era Gayer quem direcionava seus assessores na organização de seus empreendimentos privados (‘Loja Desfazueli’ e escola de inglês ‘Gustavo Gayer Language Institute’), as quais eram mantidas, no mesmo endereço e de forma concomitantemente, a seu gabinete político, o qual era naturalmente mantido com recursos públicos”, diz o relatório da Polícia Federal.
Ainda segundo a Polícia Federal, para além dos desvios em favor de João Paulo, que teria recebido ao menos R$ 24 mil, existem indícios que Gustavo Gayer pode ter empregado recursos públicos, de cota parlamentar, destinados a arcar com aluguel de gabinete parlamentar, que era usado também para o funcionamento de sua empresa particular.
“Efetivamente, os indícios colhidos pela Polícia Federal revelam que o Deputado Federal Gustavo Gayer teria empregado seus secretários parlamentares, remunerados com recursos públicos, para o desempenho de demandas privadas, bem como teria utilizado verbas públicas para manter, ainda que parcialmente, essas atividades privadas, uma vez que funcionariam em local custeado com verbas de cota parlamentar”, diz trecho da decisão de Moraes.
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