Extensa matéria do jornal O Estado de São Paulo, publicada nesta terça-feira (11/06), intitulada “Influenciador petista repete ‘gabinete do ódio’, gera 1 bilhão de ‘views’ e fatura com desinformação”, mostra o desconforto da extrema-direita com a atuação do influenciador esquerdista Thiago Reis, dono do perfil Plantão Brasil, que tem mais de 1,5 milhão de inscritos no seu canal no Youtube e quase 500 mil seguidores no X. Reis, usando a mesma estratégia do bolsonarismo, tem causado prejuízos à imagem, principalmente, da família Bolsonaro, obtendo engajamento muitas vezes superior ao dos principais disseminadores de notícias falsas ligadas à extrema-direita.
Embora chamado de “membro da rede governista nas redes sociais” pelo jornal, Thiago Reis afirma que não tem ligação com o governo Lula e nem tampouco recebe dinheiro público, diferentemente do que ficou provado quanto aos integrantes do chamado “gabinete do ódio”, rede bolsonarista de disseminação de fake news, que operava de dentro do Palácio do Planalto, segundo investigação da Polícia Federal.
Não se pode negar, porém, que Thiago abusa de títulos capciosos, tendenciosos, descontextualizados e até mentirosos para obter maior engajamento em suas postagens, o que tem rendido críticas de setores da esquerda, que não concordam com esse tipo de comportamento.
Se o influenciador da esquerda repete a prática bolsonarista nas redes, é fato, no entanto, que suas ações não têm o objetivo de romper com o estado democrático, ainda que sejam reprováveis do ponto de vista moral, assim como também o são as práticas bolsonaristas de divulgação de fake news e disseminação do ódio.
Diante das reações de integrantes da extrema-direita e da tentativa de ligarem o influenciador ao governo Lula, é visível que Thiago Reis têm incomodado alas do bolsonarismo, principalmente a família Bolsonaro. No entanto, abre-se um paradoxo, já que um dos argumentos da extrema-direita para defender o direito de disseminar mentiras nas redes é justamente reivindicar a liberdade de expressão como direito absoluto.
O problema é que, se esse direito vale para bolsonarista, a garantia constitucional valeria também para o influenciador esquerdista. Ou será que a saída é realmente se discutir a regulação das redes? Como se percebe, a suposta mentira que atinge Francisco, também bagunça a vida de Chico.