A CPI da Petrobrás ouviu ontem, em Curitiba-PR, o presidente executivo da Construtora Odebrecht, Marcelo Odebrecht. Do alto dos R$ 111 milhões doados às campanhas de vários políticos brasileiros em 2014, R$ 914 mil apenas para os membros da CPI da Petrobrás, e trânsito livre entre os mais altos escalões da República, Odebrecht chegou absolutamente tranquilo à sala de reuniões, cumprimentou e foi afagado pelos deputados membros da comissão.
Preso desde junho por força de mandado expedido pelo Juiz Sérgio Moro, que conduz as ações da Operação Lava Jato, Marcelo Odebrecht não pareceu nem um pouco abatido com o cárcere. Membro da CPI, o goiano Delegado Waldir não perdeu a oportunidade de aparecer em rede nacional.
Já na primeira pergunta, Waldir provocou o depoente e perguntou se era verdade que Odebrecht pretendia fugir do país, como havia sido divulgado na imprensa. “Jamais pensei nisso”, disse o empreiteiro. Waldir insistiu em polemizar: “É verdade que seu pai, Emilio Odebrecht, disse que se o senhor fosse preso seria preciso construir uma cela para a presidente Dilma e para o ex-presidente Lula?”, perguntou Soares. Mantendo a mesma tranquilidade de quando chegou, Marcelo Odebrecht foi direto: “Senhor deputado, é muito perigoso falar em suposições. Eu tenho muito orgulho dos princípios morais que meu pai me transmitiu. Temos que ter cuidado com as ilações”, rebateu o empresário.
Diferentemente de como abordou José Dirceu, quando disse que o ex-homem forte do PT seria, doravante, chamado de “ladrão do povo brasileiro”, Waldir Soares não ousou chamar Marcelo Odebrecht de quadrilheiro ou corrupto. Como os demais deputados, tratou o depoente de forma respeitosa, bem diferente da que tem dispensado aos demais envolvidos no Petrolão. Deu-se por satisfeito com as respostas do empresário e não fez mais perguntas.
